Em declarações à agência Lusa, Victor Silva explicou que a reabertura do comércio tradicional de bens não-essenciais e da restauração para venda ao postigo não é positiva para os empresários.

“O balanço que fazemos da abertura ao postigo para o comércio e para a restauração é extremamente negativo. Noventa e tal por cento das empresas não abriram, não se reveêm nesta medida, pensam que não têm resultados económico positivos e então não abriram”, realçou.

Dois meses após ter sido imposto um novo confinamento para controlar a covid-19 em Portugal, puderam reabrir na segunda-feira as lojas de comércio local de bens não-essenciais para venda ao postigo, assim como os cabeleireiros, as manicures, as livrarias, o comércio automóvel, a mediação imobiliária, as bibliotecas e arquivos.

De acordo com o responsável, as ruas históricas da cidade, como a Rua Garrett ou a Rua Augusta, têm quase todas as suas lojas encerradas.

“Na Rua Garrett, além do que estava aberto antes da venda ao postigo, só abriram três casas. Na Rua Augusta não se abriu sequer uma. Está tudo fechado. […] Isto é um fiasco, redondamente um fiasco”, observou.

O presidente da AVChiado recordou ainda que os comerciantes pretendiam que a reabertura fosse integral, porque a venda ao postigo gera confusão nas pessoas.

“Os clientes não aparecem e as poucas lojas que abriram não têm ninguém, além da limitação do postigo e da confusão que é para as pessoas. As pessoas nem sabem o que é isto do postigo”, alertou.

Também Victor Silva chamou a atenção para a limitação de horários durante o fim de semana, considerando que o encerramento às 13:00 “não é bom para o atendimento, nem para a questão da saúde pública, porque as pessoas concentram-se todas em duas horas”.

“É muito negativo, porque concentra as pessoas. As pessoas não vêm de manhã logo às 10:00 ou às 09:00, nem pensar nisso. […] Aparecem por volta das 11:00. […] Portanto, vai ser outro fiasco como já tinha sido na altura em que tivemos de abrir até às 13:00″, indicou.

Para o dirigente, muitas lojas não vão abrir ao fim de semana e as cidades correm o risco de ficar “desertificadas”.

“Vamos assistir aqui a mais um falhanço e isto vai sempre contribuir para mais desemprego, menos pessoas vêm trabalhar, mais lojas que vão ter problemas e vão fechar”, sustentou. Desde segunda-feira, os estabelecimentos de bens e serviços abertos ao público têm de encerrar até às 21:00 nos dias úteis e até às 13:00 aos fins de semana e feriados, exceto o retalho alimentar, que pode funcionar aos fins de semana até às 19:00.

Também passou a ser permitido o comércio ao postigo e o funcionamento de cabeleireiros, manicures e similares, assim como de livrarias, bibliotecas e arquivos.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.692.313 mortos no mundo, resultantes de mais de 121,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.743 pessoas dos 816.055 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.