Em declarações à Lusa um dos comerciantes, Olivério Caseiro, explicou que só a colocação dos taipais para delimitação do espaço para a instalação daquele equipamento levou a uma quebra de faturação "demasiado séria e incomportável" e mostrou-se "indignado" pelo "silêncio, falta de diálogo e de respostas" por parte da autarquia.
A grua em causa será instalada na Rua Francisco Sanches e a obra de reabilitação de um edifício com dois pisos está localizada na Rua do Souto, sendo que à Lusa o vereador do Urbanismo reconheceu os constrangimentos para os comerciantes "vizinhos" do equipamento, mas explicou que a autarquia "pouco mais pode fazer" do que servir como "mediador" para "conciliar interesses" do dono da obra e dos comerciantes.
"De um dia para o outro, no dia 13, instalaram uns painéis na rua e em conversa com os operários ficamos a saber que são para a instalação de uma grua para a reabilitação de um edifício que fica numa outra rua e que a duração da obra pode ser até um ano. A verdade é que só a estrutura dos painéis já nos está a afetar o negócio e o que não percebemos é como é que a câmara deixa que se ponha numa rua uma grua megalómana para uma obra que nem sequer é naquela rua", explicou o comerciante.
Segundo o grupo, "o impacto visual, o espaço que ocupa, os constrangimentos que causa à circulação na rua é mortal para o comércio, vai destruir o negócio e a durar um ano vai levar a que se fechem muitas portas".
Os comerciantes explicaram que já comunicaram à autarquia as suas preocupações mas, dizem, "não houve qualquer resposta nem dos serviços nem do executivo", pelo que acusam a câmara de "demasiado silêncio e falta de diálogo".
Questionado pela Lusa sobre a referida obra e sobre as queixas dos comerciantes, o vereador do Urbanismo, Miguel Bandeira, explicou que a autarquia está de "modo muito empenhado a tentar resolver e ultrapassar, designadamente a mediar a preservação dos interesses que estão em campo", quer dos comerciantes, quer do dono da obra.
"Estamos perante um ciclo de animação da reabilitação urbana em Braga indiscutível e as ruas que têm uma intensa ocupação humana, designadamente comercial, este tipo de intervenção tem problemas", reconheceu o vereador.
"Vamos tentar arranjar uma solução que vá o mais possível ao encontro dos comerciantes estabelecidos. Somos muito sensíveis à importância que espaço público tem para o comércio, temos que encontrar uma solução de consenso, prudente", adiantou Miguel Bandeira.
Segundo o responsável, "hoje existem recursos técnicos para mitigar ao máximo o impacto das obras, que também são necessárias para a própria prosperidade do centro histórico", defendeu, adiantando que a autarquia pouco pode fazer.
Os comerciantes esperam uma "solução para breve", pois dizem "temer" pelos seus negócios.
"Lutei um ano e meio para abrir portas e, com isto, o único caminho que vejo é fechar portas. Se em meia dúzia de dias as quebras na faturação já foram estas, imagine num ano, é incomportável", lamentou Olivério Caseiro.
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