Em declarações aos jornalistas no parlamento, Paulo Moniz acusou o PS — que minutos antes tinha apontado “desnorte total” aos sociais-democratas — de recorrer a “uma manobra” para desviar as atenções de uma informação divulgada na quarta-feira num requerimento do PSD: que a antiga administradora da TAP Alexandra Reis colocou o lugar à disposição em dezembro de 2021, “eventualmente, sem lugar a qualquer indemnização”, através de um e-mail enviado ao então ministro Pedro Nuno Santos.

Nessa reunião, a deputada do PS Ana Paula Bernardo foi designada relatora da comissão de inquérito à TAP, uma proposta apresentada pelos socialistas e aceite por todos os outros partidos. O PSD, através de Paulo Moniz, não se opôs à escolha feita pelo PS e desejou até felicidades, dizendo esperar que o trabalho “seja rigoroso”.

No final da reunião de hoje da bancada do PSD, Luís Montenegro considerou que a acumulação pelo PS da presidência e relator da comissão parlamentar de inquérito à TAP é “uma decisão errada”.

Horas mais tarde, o deputado Paulo Moniz assegurou que “o PSD está em perfeita sintonia em todas as suas estruturas políticas” e, questionado por que não apresentaram reservas na reunião de quarta-feira, salientou que “o nome proposto pelo PS seria necessariamente aceite porque seria votado pela maioria”.

“Não tínhamos razão de oposição à vontade do PS porque ela é maioritária”, justificou.

O deputado social-democrata salientou que a preocupação principal da bancada do PSD, e vincada hoje pelo presidente do PSD, é que o relatório seja fidedigno.

“Esta posição maioritária do PS na CPI não pode significar que o relatório possa não ser rigoroso e não ser fidedigno, o esclarecimento cabal vai traduzir-se muito nas conclusões e a maioria do PS pode querer impor a sua vontade, mesmo que seja diferente da verdade”, disse.

Sobre a razão de o PSD não ter apresentado um nome alternativo para relator, Paulo Moniz respondeu: “É evidente que o PS nunca abriria mão de indicar o relator desta CPI, é uma questão que me parece claríssima”.

“Para nós é fundamental não nos perdemos em ‘fait-divers’, não desviarmos a atenção do que é essencial porque o PS está desorientado e quer agarrar-se a qualquer manobra para desviar a atenção do essencial”, disse, insistindo que “é muito relevante” que Alexandra Reis, em 29 de dezembro, tenha manifestado vontade de sair do conselho de administração do TAP.