“Vou preocupado porque percebe-se que há um conjunto de constrangimentos, nomeadamente ao nível do financiamento, dos prazos que ainda não estão resolvidos, mas vamos acompanhar a situação e hoje vamos mais esclarecidos para poder acompanhar a situação”, referiu Pedro Soares, em declarações à agência Lusa.

O deputado do Bloco de Esquerda disse ainda que estava “satisfeito” com a reunião, porque “foi muito importante, e reconhecido por todos os presentes, porque a Assembleia da República conseguiu colocar na mesma mesa um conjunto de entidades a conversarem e a dialogarem”.

Os cerca de 20 deputados presentes, alguns eleitos pelo círculo eleitoral de Viseu e a maioria da Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, reuniram-se com o presidente de Câmara de Nelas e da Junta de Freguesia de Canas de Senhorim, assim como o presidente da Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU), depois de visitarem as obras de requalificação dos antigos mineiros da Urgeiriça.

Em cima da mesa estavam várias questões entre as quais a lista de prioridade para a requalificação das casas e se o tempo de reconstrução estava dentro do prazo e se irá acabar dentro da data prevista, ou seja, até final do primeiro semestre de 2019, e ainda sobre o que estava a ser feito aos resíduos de urânio retirados das obras.

O presidente da Empresa de Desenvolvimento Mineiro, SA (EDM), responsável por esta requalificação, disse durante a reunião que “não é possível saber se a requalificação das casas acaba ou não dentro do tempo previsto, até porque há sempre situações a resolver que vão aparecendo no dia a dia”.

Sobre as 198 toneladas de resíduos de urânio retirados dos escombros, “estão devidamente tratados e depositados num espaço que tem vigilância 24 horas por dia e que tem medições regulares das radiações e até à data não oferecem qualquer tipo de perigo”.

Rui Rodrigues esclareceu ainda que “tem havido diálogo constante, não diário, mas constante com os moradores para eventuais problemas que surjam” e quanto à lista de prioridades, remeteu para o cientista da Universidade de Coimbra, responsável pelo estudo realizado que deu origem à lista de prioridades e distribuiu pelos grupos parlamentares um mapa com esclarecimentos.

Alcides Pereira respondeu que entre os casos prioritários estava a quantidade de radiação que cada habitação tinha, dando prioridade às de radiação mais elevada e ainda se era ou não habitada.

O presidente da ATMU, que teve a iniciativa desta reunião e organizou a visita dos deputados à casa dos antigos mineiros, revelou, no final da reunião que estava “satisfeito” pelo diálogo estabelecido, mas também porque entendeu que o prazo das obras é para cumprir e, caso isso não aconteça, vai “pedir responsabilidade à Comissão parlamentar que esteve” presente.

“Algumas [questões] não foram respondidas, mas vamos marcar uma reunião com a EDM para a semana de 15 a 30 de outubro, a fim de, agora na prática, vermos estas respostas e como é que se vão concretizar, a transparência, o tempo de concretização e o grande projeto turístico que já deixámos à EDM, que é o nosso contributo para o futuro”, disse António Minhoto.

Este responsável também adiantou que a ATMU vai “lançar um estudo epidemiológico para estes moradores, e não só, para todos os trabalhadores, para todos saberem quais os efeitos por viverem em casas com estas condições, e para saber quais os efeitos que isto teve na saúde, nomeadamente um parque e jardim infantil onde passaram muitas crianças” e que agora são residências.

A agência Lusa tentou alguns esclarecimentos, junto do presidente da EDM, no final da reunião, mas Rui Rodrigues remeteu para um futuro comunicado por parte do Ministério da Economia.