“A CT não é contra os trabalhadores terem prémios, mas achamos que esses prémios não devem ser atribuídos num ano em que a TAP tem um resultado muito deficitário”, notou a coordenadora deste órgão, em declarações à Lusa.

Cristina Carrilho lamentou ainda que os prémios apenas sejam atribuídos à administração e às direções, quando são os trabalhadores que ajudam estes órgãos a cumprir os seus objetivos, acrescentando que, mais do que prémios, o ideal seria que a empresa optasse por atribuir aumentos salariais.

Em declarações ao jornal ‘online’ Observador, acionista de referência da TAP, David Neeleman, disse, recentemente, que os prémios vão continuar a ser pagos, apesar dos prejuízos registados.

Por sua vez, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, considerou hoje, numa audição parlamentar, ser “inaceitável” e uma “falta de respeito para com a esmagadora maioria dos trabalhadores” a atribuição de prémios quando se registam prejuízos.

Porém, o governante ressalvou que, apesar do Estado ter a maioria no Conselho de Administração, a gestão é totalmente privada e a atribuição de prémios é uma decisão da gestão.

Conforme apontou a coordenadora da CT da TAP, a “pseudo-venda” da transportadora a David Neeleman foi apresentada como a solução para salvar a companhia aérea, porém, desde aí, a empresa “tem vindo a afundar”, apesar da compra de novos aviões e da contratação, sobretudo, de pessoal de bordo.

No entanto, até agora, os trabalhadores não questionaram a administração sobre as afirmações de Neeleman, uma vez que esta remete todos os assuntos relacionados com este administrador para o próprio ou para o Ministério das Infraestruturas.

"Ainda não reunimos com a administração. No entanto, sempre que reunimos e levamos assuntos relacionados com o senhor Neeleman, eles remetem para o próprio ou para o Ministério [das Infraestruturas]. Vamos, uma vez que temos reunião amanhã [quinta-feira], inquirir o Ministério", explicou.

A reunião de quinta-feira vai decorrer, em Lisboa, com Frederico Pinheiro, adjunto do gabinete de Pedro Nuno Santos.

Questionada sobre as medidas que os trabalhadores pretendem levar a cabo caso a empresa siga esta política, a coordenadora referiu que ainda não houve tempo para perceber “qual é o sentimento dos trabalhadores” perante as recentes afirmações do Governo e de Neeleman, mas sublinhou que, “com certeza, será de desagrado”.

Segundo o jornal ‘online’ Eco, a TAP voltou a registar prejuízos acima de 100 milhões de euros em 2019, próximos dos 118 milhões de 2018, resultados que vão ser divulgados na quinta-feira.

Nos primeiros nove meses do ano passado, a TAP registou prejuízos acumulados de 111 milhões de euros que atribui a “variações cambiais sem impacto na tesouraria”, de acordo com um comunicado divulgado em novembro.

A empresa tinha registado quase 120 milhões de euros em prejuízos nos primeiros seis meses de 2019.