“O Banco nasceu, cresceu e vive à custa dos dedicados, zelosos e cumpridores trabalhadores dos Correios, que tudo deram de si para ampliar um valioso património que, infelizmente, começou a ser desbaratado desde o primeiro dia da privatização dos correios”, afirma a CT num comunicado.
Para esta estrutura, “os trabalhadores foram, e continuam a ser traídos no seu esforço e na sua missão de continuar a ‘levar a carta a Garcia’, apesar dos parcos meios humanos e materiais ao seu dispor”.
Na terça-feira, em entrevista à Bloomberg, o presidente executivo (CEO) dos CTT, João Bento, admitiu vender o Banco CTT na totalidade, referindo que os Correios estão a considerar “todas as possibilidades” e que um eventual movimento permitiria que a empresa se focasse no seu ‘core’ principal, continuando a oferecer uma larga gama de serviços ‘online’ através da sua rede de lojas.
Embora referindo não existir ainda nada de concreto em termos de uma potencial venda, o CEO disse que a sua “preferência” seria que os CTT continuassem a ser acionista minoritário no banco, uma vez que irá operar na rede de lojas dos Correios.
No comunicado divulgado na quarta-feira à noite, a CT dos CTT diz não ter “qualquer conhecimento” sobre esta situação, “a não ser o que leu nos órgãos de informação”, e destaca que, embora no dia em que a notícia foi difundida estivesse “em plena reunião com responsáveis da empresa”, o facto é que “nada foi comunicado sobre o assunto”.
“A ser verdadeira a notícia, estamos contra a venda daquela valência”, sustenta a organização representativa dos trabalhadores dos Correios, defendendo que “os governantes têm o dever e a obrigação de esclarecer todos os portugueses sobre o futuro do serviço público e universal de correios que, à semelhança de outros serviços, vão de mal a pior no que respeita à qualidade da prestação”.
Adicionalmente, refere, há que “tranquilizar os trabalhadores dos CTT, dando-lhes a garantia de que os postos de trabalho nunca estarão em causa” e que serão “preservados os investimentos na modernização de equipamentos e serviços”.
No entendimento da CT, a “ideia tática e subjacente à privatização dos Correios foi sempre a obtenção de uma licença para operar na área da banca, em simultâneo com os produtos financeiros já comercializados pelos CTT”, e “sem a certeza da obtenção daquela permissão, a privatização dos CTT nunca aconteceria”.
Quanto ao rápido crescimento do Banco CTT, salienta que só foi possível porque este “utilizou uma rede de lojas com cobertura a nível nacional”, “aproveitou o conhecimento dos trabalhadores dos correios”, “não pagava renda pela utilização das instalações” e “não custeava despesas correntes” como o papel, luz, água e equipamentos.
Ao mesmo tempo, o banco “fez proveito do horário de atendimento mais alargado, que coincidia com o do atendimento postal”, “não atendeu às muitas regras da concorrência, na cedência de cartões sem anuidade e na abertura de contas”, e “manteve a política de baixos salários, com recurso à polivalência dos trabalhadores da área postal”.
“É nossa convicção que os ‘donos’ dos CTT se querem ver livres do setor postal, de cariz público e universal, e enveredar pelo caminho da alta finança e das encomendas expresso”, considera a CT, lembrando que “o CEO dos CTT já referiu numa entrevista que o negócio se viraria para outras áreas de atividade e que, em relação às cartas, ‘entregariam umas poucas de vez em quando'”.
“A menos que os portugueses se desinteressem e, quem sabe, até abdiquem de um serviço público de correios, é tempo de questionar o Governo sobre o futuro dos Correios de Portugal e que plano há para dar continuidade e certeza a um preceito constitucionalmente estabelecido”, acrescenta.
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