"É absolutamente ridículo. Se todos os dias falamos em sustentabilidade ou em mobilidade, de criar mais ciclovias e usar menos os carros, depois fazemos isto, excluímos as pessoas da ferrovia?", questionou Ana Tarrafa, dirigente da CULA.
Ana Tarrafa falava à agência Lusa à margem de uma iniciativa promovida pela Plataforma Para a Defesa do Serviço Público Ferroviário, contra o estado deste, realizada junto à estação ferroviária de Faro.
A dirigente frisou que a situação, "sendo um problema nacional", tem vindo a piorar na região algarvia ao longo dos últimos meses, com "denúncias quase diárias" sobre comboios suprimidos e viagens em autocarros de substituição, atrasos de mais de uma hora para chegar ao destino, ou estações e apeadeiros encerrados.
"Os horários estão desregulados face aos horários laborais e desregulados relativamente à articulação com outros meios de transporte, até porque há estações situadas fora das cidades, como em Loulé ou Albufeira, afastando a população local da sua utilização", acrescentou.
Também os turistas se confessam "chocados" quando observam a situação do transporte ferroviário no Algarve que a comissão de utentes, criada há poucos meses, caracteriza como "verdadeiramente vergonhosa".
"Há uma grande quantidade de turistas, essencialmente estrangeiros, habituados a andar de comboio nos seus países, que chegam aqui, a um país supostamente desenvolvido, e andam em comboios com 50 anos a diesel. Ficam chocados", assegurou Ana Tarrafa.
Além da adaptação de horários, a dirigente da CULA pediu "mais investimento no serviço público ferroviário", nomeadamente a modernização das infraestruturas, do material circulante e das instalações e o reforço de trabalhadores das empresas ligadas ao setor.
A ação de protesto em Faro, que contou com cerca de duas dezenas de pessoas, está incluída numa campanha nacional da recém-criada Plataforma Para a Defesa do Serviço Público Ferroviário, que integra mais de duas dezenas de organizações sindicais, comissões de trabalhadores e comissões de utentes.
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