Em declarações à Lusa, o presidente da CVR, Vasco Paulos, explicou que, até 2018, "havia essa lacuna no diploma que rege a marca", encontrando-se no mercado vinhos “a quem foi atribuída a Marca Açores e que não tinham sido certificados pela CVR”.
Contudo, essa situação “foi alterada” e, desde o ano passado, os vinhos, para ostentarem a Marca Açores, “têm de passar obrigatoriamente pela certificação da CVR”, que é o “único processo que garante nos Açores a autenticidade dos vinhos como sendo genuínos e açorianos”.
Contactada pela Lusa, a presidente da Sociedade de Desenvolvimento Empresarial dos Açores (SDEA), que gere a Marca Açores, admitiu que a atribuição da Marca Açores sem a certificação da CVR aconteceu uma única vez, estando-se perante um caso isolado.
“Nós atribuímos o selo a um vinho regional produzido em Vila Franca do Campo. Mas achámos por bem, há cerca de um ano e meio, quando houve o pedido de renovação do selo, não atribuir a Marca Açores porque esse vinho não tinha feito o registo na CVR”, explicou Marisa Toste.
A responsável explicou que, no caso do vinho de Vila Franca do Campo, foi sugerido ao produtor em causa avançar para o processo de certificação do vinho na CVR dos Açores, tendo a responsável destacado que, “de acordo com a legislação em vigor, pode-se atribuir [o selo Marca Açores], mas isto não se faz porque este é agora atribuído de acordo com os critérios da CVR”.
Marisa Toste destacou que se considerou que “era importante que os vinhos dos Açores, para usufruírem da Marca Açores, também deviam ter esta certificação [da CVR], funcionando todo o processo como uma dupla certificação" com base na “coerência, transparência e assertividade”.
Nos Açores, cabe à CVR, com sede na Madalena, ilha do Pico, “garantir a genuinidade e a qualidade dos vinhos, o fomento e o controle dos vinhos, a definição do seu processo produtivo e a promoção e defesa interna e externa dos vinhos certificados”.
“A única garantia, neste momento, que há nos Açores, que os vinhos são açorianos é o processo de certificação da CVR, tanto com a Identificação Geográfica Protegida (IGP) Açores como com a Denominação de Origem Protegida (DOP) do Pico, Biscoitos e Graciosa”, declara Vasco Paulos.
Além de constituir “uma mais valia” para os produtores, a certificação dos vinhos pela CVR dos Açores é uma forma também de se proteger o produto regional de eventuais falsificações, afirmou Vasco Paulos.
A Inspeção de Atividades Económicas dos Açores (IAEA) está a investigar alegadas práticas ilegais no comércio de vinhos do arquipélago, na sequência da denúncia de um grupo de produtores do Pico.
Segundo o presidente da IAEA, Paulo Machado, estão em causa importações de vinho do continente e de outros países europeus, a granel, engarrafado na região e “eventualmente a usar no rótulo” a Denominação DOP ou de IGP Açores.
A região possui 37 vinhos certificados, 14 produtores, três castas nobres e três regiões demarcadas: Biscoitos, na ilha Terceira; Graciosa e Pico.
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