"As pessoas realmente consideram o tempo que ficam nas paragens à espera do autocarro como um dos momentos mais infelizes das suas vidas", partilha ao site Atlas Obscura, Yingling Fan, professor associado da Universidade de Minnesota.
Num dos seus estudos sobre a percepção dos passageiros dos transportes públicos concluiu que "as pessoas incoscientemente multiplicam o seu tempo de espera por um fator de 1,2 a 2,5. Nesse túnel de tempo, aguardar cinco minutos pode parecer que foram seis ou 12,5 minutos.".
Mas porque é que o cérebro nos dá essa percepção?
Pode ser devido ao meio ambiente, à ansiedade, à insegurança, à falta de conforto, ao stress ou ao tédio. Se um passageiro, por exemplo, se sentir inseguro numa paragem de autocarro, pode sentir que o tempo de espera é três vezes maior. O passageiro poderá dizer que esperou meia hora quando na verdade foram só 10 minutos.
E o que fazer para aproximar a percepção dos passageiros à realidade?
Várias empresas de transportes públicos, como a Carris, optaram por instalar painéis que informam o tempo de espera nas paragens. No caso da Carris, os passageiros ainda podem obter por mensagem escrita ou por e-mail o tempo de espera real por um veículo da empresa.
Estas medidas servem para apaziguar os utentes. Se o passageiro tiver a informação que o autocarro chega dali a três minutos, vai aguardar de forma mais pacífica. Apesar de ajudar a melhorar a experiência de espera do passageiro, não é possível para as empresas instalar painéis em todas as paragens devido aos custos associados.
À procura de soluções mais económicas
Fan e o seus colegas descobriram outros truques que ajudam a minimizar os horrores do tempo à espera do autocarro. Sabia que esperar em linha reta deixa as pessoas nervosas? Se a linha for ondulada, quem aguarda fica mais feliz.
O tempo de espera também pode diminuir se a paragem for coberta e tiver bancos, segundo Fan e os seus colegas que têm procurado os segredos para que as pessoas percepcionem a passagem do tempo a um ritmo quase normal.
No que toca à fixação de horários, os investigadores encontraram um padrão interessante. Para as esperas mais curtas, as pessoas são mais impacientes, sobrevalorizando o tempo de espera. Já quando o tempo de espera é superior a 10 minutos, as pessoas tendem a subestimá-lo. Acreditam que conhecem o veículo e que o mesmo já está a chegar. Assim, a fixação de horários acaba por ser mais importante para as rotas com serviço menos frequente.
Árvores como aliadas
Outra arma secreta para lutar contra o tédio identificada pelo grupo de Fan são as árvores. De acordo com o grupo, sempre que as pessoas esperam mais de cinco minutos, a elevada poluição atmosférica ou o tráfego tende a sobrestimar, ainda de forma mais dramática, o tempo que eles estavam à espera.
Já as pessoas à espera nas paragens com árvores à volta sentem que esperaram menos tempo. Segundo o estudo, quanto mais tempo as pessoas esperam, mais diferença fazem as árvores.
A equipa de Minnesota acredita que as companhias de transporte público deviam investir ou criar parcerias com outras empresas para terem mais árvores próximas às paragens de autocarro.
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