João Galamba falava na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, no âmbito da audição regimental.

Questionado pelo deputado do PSD Paulo Rios de Oliveira porque razão tinha sido impedida a presidente executiva (CEO) da TAP de apresentar os resultados, João Galamba disse que Christine Ourmières-Widener "não foi impedida até porque nem foi pedido".

Portanto, acrescentou, "quando não se pede não se pode ser impedido".

Contudo, o assunto "de facto foi falado (...) entre a tutela e o Conselho de Administração e entendeu-se que num cenário de transição que vivemos não faria grande sentido fazer uma conferência de imprensa a apresentar os resultados", referiu o ministro das Infraestruturas.

A TAP encerrou o ano de 2022 com um lucro líquido de 65,6 milhões de euros, um aumento de 1.664,7 milhões de euros em relação ao ano anterior, informou a transportadora aérea, em comunicado na terça-feira.

"Estes resultados superam todas as expetativas", a receita "está 200 milhões acima do esperado e o lucro só não foi maior porque estamos numa crise energética e pagaram mais de 400 milhões de euros de 'jet fuel'", salientou o ministro.

“Com o anúncio de ontem [terça-feira], ficou demonstrada a resiliência e a capacidade de autossuperação da TAP. A companhia apresentou receitas recorde, acima dos valores de 2019, e lucros superiores a 65 milhões de euros, isto num ano marcado por um contexto de imprevisibilidade, face ainda às consequências da pandemia, da guerra da Ucrânia e, sobretudo, pelos elevados preços dos combustíveis”, declarou João Galamba.

O governante assinalou que esta ocasião “acontece um dia depois de a TAP apresentar resultados, que são um passo sólido nas perspetivas para o futuro da empresa e para o país e que decorrem de um processo que tem por objetivo a sustentabilidade a longo prazo da companhia aérea”.

De acordo com o ministro da tutela, a impactar negativamente os resultados financeiros da transportadora aérea no ano passado está “ainda o covid-19 no início do ano”, bem como a subida do preço do combustível, “quase 400 milhões de euros acima do preço de 2019”.

“E a razão principal é o crescimento comercial da TAP”, pelas “receitas acima do esperado e pela grande negociação de contratos de fornecimento”, acrescentou, garantindo que “os cortes salariais não são a razão” dados os acordos de emergência realizados.

Lembrando que “o Governo está a preparar a abertura de capital da empresa”, João Galamba disse também que o executivo “não vai abdicar da salvaguarda do valor estratégico da companhia e da manutenção do ‘hub’ de Lisboa”.

“Estes são os nossos pontos de partida, não temos um ponto de chegada apenas definido pelo encaixe financeiro […] porque temos a certeza de que esta é uma empresa sustentável e com viabilidade”, precisou o ministro da tutela.

Aludindo ao plano de reestruturação da empresa acordado com Bruxelas no final de 2021 para uma ajuda estatal de 2,55 mil milhões de euros, João Galamba indicou que este era “um plano muito difícil e que muita gente considerava que pudesse ser cumprido”.

Por essa razão, continuou, os resultados financeiros agora conhecidos são “uma boa notícia para o país, para os trabalhadores e para os portugueses dado o dinheiro público”, pois “dá horizonte e esperança”.

Em causa está o aval dado pela Comissão Europeia, em 21 de dezembro de 2021, ao plano de reestruturação da TAP e à ajuda estatal de 2.550 milhões de euros para permitir que o grupo regressasse à viabilidade, impondo para isso compromissos de forma a não prejudicar a concorrência europeia.

O ministro da tutela adiantou que a administração da TAP está agora “a renegociar acordos de empresa com os sindicatos, dado que estes têm de estar alinhados com a sustentabilidade da empresa e havia problemas de sustentabilidade em toda” a companhia.

Para João Galamba, “a TAP precisa de ser mais produtiva, ter mais horas de voo e alinhar as suas práticas”.