Perante o 29.º Congresso do CDS-PP, Bentes Penedo, membro da Comissão Política Nacional, admitiu que a direção que integrou pode ter tido falhas, mas disse não estar disposta a “dividir culpas e responsabilidades”.

“A fação derrotada [no anterior Congresso] nunca reconheceu a liderança de Francisco Rodrigues do Santos e fez uma campanha de destruição ativa do CDS”, acusou, recebendo alguns aplausos tímidos nesta fase inicial.

No entanto, a intervenção da antiga deputada municipal em Lisboa foi subindo o tom e responsabilizou “os senhores notáveis” que atacaram desde o primeiro dia a direção de Rodrigues dos Santos pelo resultado das legislativas de 30 de janeiro.

“O que eles fizeram foi contra o partido, foi o partido que eles agrediram e destruíram. Estes senhores foram promovidos pelo dr. Paulo Portas e nunca tiveram sem ele qualquer existência na vida pública. O que disseram foi entendido como a vontade do dr. Paulo Portas de acabar com o CDS”, acusou, recebendo nesta passagem muitos assobios, vaias e algumas pateadas.

Margarida Bentes Penedo acusou ainda esses antigos dirigentes de, neste Congresso, atuarem como “uns fingidores”.

“Hoje vêm com ar solene fazer de conta que querem unir o partido, eles só querem voltar a mandar o CDS”, criticou a dirigente, no período de discussão das moções, tendo-se inscrito no período reservado à moção G, da Tendência Esperança em Movimento.

Antes, o antigo ministro Luís Pedro Mota Soares, pela moção B, a do eurodeputado e candidato à liderança do CDS-PP, tinha alertado que este Congresso seria uma oportunidade que o partido não podia “perder com amarguras ou azedumes”.

“A opção que fazemos hoje é uma escolha simples, ou vimos aqui discutir o futuro de Portugal ou vimos aqui falar do passado do CDS”, disse.

Mota Soares manifestou o esperado apoio a Nuno Melo, elogiando a sua coragem em disputar a liderança neste momento do CDS-PP, e apelou a que o Congresso dê ao eurodeputado uma “maioria expressiva”.

“Se ele não conseguir, perdemos todos”, considerou.

O 29.º Congresso do CDS-PP reúne-se até domingo em Guimarães (distrito de Braga) para eleger o próximo presidente do partido.

Esta reunião magna acontece dois meses depois das eleições legislativas de 30 de janeiro, nas quais o CDS-PP teve o pior resultado de sempre (1,6%) e perdeu pela primeira vez a representação na Assembleia da República.

O atual líder, Francisco Rodrigues dos Santos, que tinha sido eleito em janeiro de 2020, demitiu-se na noite eleitoral depois de conhecidos os resultados.

São quatro os candidatos assumidos na corrida à liderança: Nuno Melo (eurodeputado e líder da distrital de Braga), Miguel Mattos Chaves, Nuno Correia da Silva (ambos vogais da Comissão Política Nacional) e o militante e ex-dirigente concelhio Bruno Filipe Costa.