“Não podemos ficar à espera da força dos outros, temos de construir a nossa própria força”, defendeu João Almeida, numa intervenção perante o 27.º Congresso do CDS-PP, que decorre até domingo em Lamego (Viseu).

O deputado e antigo líder da Juventude Popular salientou que o CDS-PP não é equidistante em relação aos vários partidos portugueses, mas defendeu que, quanto mais força tiver, menos dependente será e deu como exemplo o último executivo em que participou coligado com os sociais-democratas (2011-2015), depois de ter tido 11,7% dos votos e o PSD 38,6%.

“Há uma lição que tirámos desse Governo, é que não vale a pena lá voltar com esta proporção de forças (…). Há uma convicção profunda que tenho: se tivéssemos tido mais força naquele Governo, nós não só tínhamos ganho as eleições como tínhamos tido a maioria absoluta”, disse, referindo-se às legislativas de 2015 em que PSD e CDS-PP concorreram coligados obtendo 36,8% dos votos e não conseguiram governar.

João Almeida agradeceu à presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, a forma como fez a transição de liderança de Paulo Portas, admitindo que no início “havia dúvidas, havia medos que as coisas não corressem bem”.

“Se hoje termos certezas, se hoje temos respostas, se hoje temos confiança, a ti devemos, durante estes dois anos lideraste o partido para não só para vencer esse momento difícil, mas para conseguir construir um caminho que é provavelmente o de maior afirmação de um partido nos últimos anos na democracia portuguesa”, afirmou.

Antes, a vice-presidente do CDS-PP Cecília Meireles falou também no posicionamento do partido no espetro partidário, dizendo que “não pode haver dúvidas”.

“O CDS é oposição todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos ao PS e a Governos socialistas, seja este ou outros”, disse, voltando a apontar a conquista de 116 deputados pelo bloco de centro-direita como única forma de afastar o governo socialista do poder.

Para Cecília Meireles, tal implica que “com o PSD se tenha uma relação diferente do que com o PS, com abertura, naturalidade e convicção”.

“Este Governo faz um jogo de aparências, uma espécie de propaganda cor de rosa agora tingida de vermelho”, disse.

Quer João Almeida quer Cecília Meireles fizeram questão de saudar Filipe Lobo d’Ávila que, minutos antes, tinha anunciado que em breve irá deixar o parlamento.

“Aqui não há cisões, no CDS temos diferentes ideias, mas estamos todos juntos”, defendeu a vice-presidente democrata-cristã.

“As decisões pessoais respeitam-se, os exemplos políticos apreciam-se e enaltecem-se, foste muitas vezes grande, és dos nossos e vais estar connosco nas lutas que vamos travar”, corroborou João Almeida.