Foi em 3 de fevereiro que o ainda presidente do PSD, Rui Rio, anunciou que deixaria a liderança na sequência da derrota nas legislativas de 30 de janeiro, mas dizendo que gostaria que o processo decorresse até ao início de julho, e não “de forma atabalhoada”.
Apesar de algumas divergências quanto ao calendário, o partido acabou por lhe fazer a vontade e as eleições diretas realizaram-se apenas no final de maio, ditando uma vitória claríssima de Luís Montenegro (72,5%) sobre o antigo vice-presidente do partido Jorge Moreira da Silva (27,5%).
Desde 28 de maio, o 19.º presidente eleito do PSD tem estado praticamente em silêncio – só falou em iniciativas públicas por duas vezes e para criticar o Governo, não dando qualquer entrevista -, e guarda, por enquanto, recato sobre quem vai levar para os órgãos dirigentes que serão eleitos no domingo ou se irá promover mudanças ao nível da bancada parlamentar.
Agora, o 40.º Congresso do PSD arranca, no Porto, com a primeira intervenção de Luís Montenegro e a última de Rui Rio, e ainda com ecos da primeira grande polémica do atual Governo, centrada no futuro aeroporto.
O primeiro-ministro desautorizou na quinta-feira o ministro das Infraestruturas, que tinha anunciado um dia antes soluções imediatas para o aeroporto de Lisboa, sem consensualização prévia com o líder eleito do PSD, contrariando o que tinha sido afirmado, por duas vezes, por António Costa.
Apesar dos vários pedidos de demissão, incluindo de Rui Rio, Pedro Nuno Santos anunciou ao final da tarde que “obviamente” se mantinha no Governo, assumindo a responsabilidade pelos “erros de comunicação e de articulação”.
Foi também na véspera do Congresso que se desfez uma das principais incógnitas do futuro próximo do PSD, quando o líder parlamentar, Paulo Mota Pinto, anunciou que deixará o cargo a pedido de Luís Montenegro e convocará eleições para 12 de julho.
Pouco depois, Joaquim Miranda Sarmento – que integrou a direção de Rui Rio e coordenou a moção de estratégia de Luís Montenegro – anunciou a sua candidatura ao cargo, que disse apresentar “em estreita ligação” com Luís Montenegro.
A reunião magna tem arranque marcado para as 21:00 e o primeiro momento forte será o discurso de despedida do ainda presidente Rui Rio, que deverá fazer um balanço dos quatro anos e meio de liderança do partido.
Logo em seguida, o Congresso ouvirá a primeira intervenção de fundo do presidente eleito, Luís Montenegro, que, tradicionalmente, é focada na apresentação da proposta de estratégia global, intitulada “Acreditar”.
A moção contém compromissos como o lançamento do Movimento Acreditar, uma espécie de estados gerais para elaborar o programa eleitoral até 2024, e define o posicionamento do PSD como partido líder de todo o espaço não-socialista, sem afastar em absoluto a possibilidade de entendimentos futuros com o Chega.
Desde 28 de maio, o 19.º presidente eleito do PSD tem estado praticamente em silêncio, e guarda, por enquanto, recato sobre quem vai levar para os órgãos dirigentes que serão eleitos no domingo.
Até agora, nenhum nome está confirmado e apenas Hugo Soares é apontado como provável secretário-geral, uma vez que tem sido ele a fazer a transição com o ainda detentor do cargo, José Silvano.
Internamente, a dúvida entre várias fontes do PSD contactadas pela Lusa é se Montenegro fará uma direção com o núcleo duro dos seus principais apoiantes - entre os quais se contam além de Hugo Soares, Pedro Duarte, Pedro Alves, Paulo Cunha, Margarida Balseiro Lopes, Carlos Coelho, António Leitão Amaro ou Pedro Reis - ou se irá 'abrir' a outras correntes do partido.
O primeiro dia de trabalhos terminará com a apresentação de parte das 19 propostas temáticas, ficando os discursos das restantes figuras do partido reservados para sábado.
Nesse dia, é aguardada a intervenção do candidato derrotado nas últimas diretas, Jorge Moreira da Silva, que não irá integrar qualquer lista ao Conselho Nacional, tal como o seu diretor de campanha, Carlos Eduardo Reis
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, que fez dos discursos mais ovacionados do último Congresso, em dezembro, já confirmou em entrevista ao Expresso que irá à reunião do Porto, e que falará aos delegados, dizendo-se também indisponível para funções executivas.
Miguel Pinto Luz, que na última reunião magna fez um discurso contracorrente alertando para o risco do PSD se tornar “assustadoramente pequeno” em números e mentalidade, irá ao Porto, mas não apresentará desta vez lista ao Conselho Nacional (a que encabeçou foi a segunda mais votada nessa reunião).
O 40.º Congresso do PSD vai decorrer até domingo no Pavilhão Rosa da Mota, no Porto.
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