“O Conselho tem de arranjar um programa de redução de comissões de serviço de juízes. Espero que seja a última situação que venha a ocorrer… esta tinha de acontecer, temos de ter uma equipa [no Ministério da Justiça] para dialogar”, afirmou aos jornalistas Luís Azevedo Mendes, em declarações à margem da conferência “Jornada da Justiça e os seus recursos humanos”, organizada pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ), em Lisboa.
Em causa esteve a nomeação para comissão de serviço da magistrada Mafalda Sequinho, ex-presidente da comarca de Portalegre, sendo que a votação não foi unânime, ao registar-se “um voto contra e algumas abstenções”.
A juíza vai agora chefiar o gabinete da secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Maria Clara Figueiredo, que também é juíza desembargadora, mas cuja indicação para o Governo não requer autorização do CSM.
Sublinhando a necessidade de uma “discussão imediata” com o Governo sobre reformas na justiça, como, por exemplo, ao nível do mapa judiciário, o juiz conselheiro e vice-presidente do órgão de gestão e disciplina dos magistrados lembrou também a questão das “portas giratórias”. No entanto, mais do que a dimensão ética, alertou para a questão da gestão dos recursos humanos cada vez mais escassos: “Não há juízes”.
Devido à falta de juízes, Azevedo Mendes assumiu ainda que os presidentes das comarcas, sobretudo as mais pequenas, poderão passar a ter de acumular essa atividade com a análise de processos.
“Pela primeira vez o Conselho abriu um aviso especial para recrutamento de um juiz presidente para Portalegre e vai ter também, por causa deste aperto de recursos, um juiz presidente com acumulação de funções jurisdicionais. É a única situação, mas vai ter de acontecer no futuro em mais situações. Vamos ter de ter um novo formato de juiz presidente, com a acumulação do trabalho no tribunal e funções jurisdicionais. Não temos outra solução”, explicou.
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