Luísa Ramos faz parte da comissão de utentes da margem sul e tem recebido queixas de moradores da outra margem do Tejo, que nas últimas noites têm tido de enfrentar longas filas em Lisboa até entrar na ponte, no regresso a casa depois do trabalho.

"Do nosso ponto de vista", explica Luísa Ramos à Renascença, "isto está a ser levado a um extremo um bocado inadmissível, porque com a desregulação dos horários de trabalho, nem toda a gente acaba o seu trabalho às seis, às sete ou às oito. Há cada vez mais gente a trabalhar por turnos. Por outro lado, os transportes públicos não conseguem dar resposta a todas as necessidades, porque é óbvio que, se durante o dia já é complicado, a partir de certa hora nem sequer há [alternativa de transportes] para muitos sítios da margem sul".

Devido à existência de recolher obrigatório entre as 23h e as 5h da manhã do seguinte durante os dias de semana, nos 191 concelhos da lista de alto risco de contágio, de que fazem parte os concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, a polícia tem controlado a circulação rodoviária e as entradas e saídas de concelhos. Para os utentes da margem sul do Tejo, essas operações de controlo têm sido "levadas ao extremo".

"As pessoas não deviam ter de estar sujeitas, no fim de um dia de trabalho, a estar numa fila que se pode até confundir com aquilo que é normal no verão, com as idas à praia, ou em horas de ponta", defende Luísa Ramos à Renascença.

Luísa retrata as filas à meia-noite e à 1h da manhã como se de uma hora de ponta se tratasse e pede "bom senso" e "respeito" por quem trabalha na margem norte e está de regresso a casa, muitas vezes utilizando o automóvel por não ter alternativa.