A investigação nesta área produzida na última década em diferentes instituições do ensino superior, de norte a sul do país, “é que faz a diferença”, adiantou à agência Lusa Carlos Fonseca, professor da Universidade de Aveiro.
“Portugal pode tornar-se o primeiro produtor de medronho a nível mundial”, afirmou.
O biólogo e presidente da CPM falava no contexto da sua participação no III Encontro do Medronho e do Medronheiro, que se realiza em Signo Samo, concelho da Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, no dia 8 de dezembro.
Com sede em Proença-a-Nova, distrito de Castelo Branco, a Cooperativa Portuguesa do Medronho representa “produtores que já têm 200 hectares de medronhal instalados, principalmente no Centro do país”, salientou.
Nestas explorações, incluindo algumas zonas de crescimento espontâneo da espécie arbustiva da flora mediterrânica, poderão ser colhidas no futuro 500 toneladas do fruto silvestre por ano, logo que a produção “esteja em velocidade de cruzeiro”, segundo Carlos Fonseca.
José Martins, que organiza o encontro pelo terceiro ano consecutivo na sua aldeia natal, Signo Samo, possui medronhais que totalizam uma área de 50 hectares.
O criador da marca “Lenda da Beira”, que aposta na produção de aguardente de medronho, azeite e outros produtos endógenos, disse à Lusa que 178 pessoas estão inscritas no encontro, a que deverão juntar-se outras durante o programa.
Na sua opinião, importa “motivar os presentes e partilhar algum conhecimento”.
Membro da CPM, José Martins “é o maior produtor de medronho da região Centro”, sublinhou Carlos Fonseca.
Depois da destruição causada pelos grandes incêndios de 2017, a valorização do fruto e o incremento da plantação de medronheiros representam “uma parte da solução” para os territórios do Interior.
O medronheiro é uma espécie autóctone da Península Ibérica e da bacia do Mediterrâneo, “muito resistente ao fogo” e com grande capacidade de regeneração, realçou o investigador da Universidade de Aveiro, dono de medronhais que totalizam 20 hectares, nas margens do rio Alva, no município de Penacova.
Em 2017, as suas plantações foram parcialmente queimadas, tal como aconteceu com “grande parte dos produtores” na região.
“Portugal está na vanguarda da investigação do medronho a nível mundial. Mas podemos ir mais além”, referiu.
Em poucos anos, “há aqui um olhar diferente para esta espécie nativa”, com uma dezena de instituições universitárias “a dedicar-se bastante a esta causa e em busca de novas aplicações”, tanto para o fruto, como para os resíduos lenhosos da poda, disse Carlos Fonseca.
“Ainda não temos produto suficiente para todas as aplicações”, mas, na investigação, Portugal está mais avançado do que países como Espanha e França, entre outros, “que ainda não despertaram” para o valor económico do medronheiro.
O presidente da CPM estima que 95% da área de medronhal queimada pelos incêndios de 2017 conseguiu regenerar-se e verifica-se nalguns casos que as plantas floriram este ano.
Otimista, Carlos Fonseca prevê que alguns medronheiros voltem a frutificar já em 2019.
“A maioria rebentou e dentro de três ou quatro anos estarão a produzir”, disse, por sua vez, José Martins.
O encontro é apoiado pela Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), Câmara da Pampilhosa da Serra e Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro.
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