“As autarquias têm de fazer a sua parte para que haja transportes públicos coletivos de qualidade a preços que as pessoas possam pagar, com frequências e percursos que sirvam a sua vida e que possam responder ao duplo desafio da justiça climática e da justiça social”, afirmou.
Catarina Martins falava, no concelho da Praia da Vitória, nos Açores, à margem de uma ação de campanha com os candidatos do BE às câmaras municipais de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, cujas listas são encabeçadas por Hugo Bettencourt e Joana Bettencourt.
Após viajar de autocarro, na ligação entre Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, os dois concelhos da ilha Terceira, a dirigente bloquista alertou para a dificuldade de acesso a transportes públicos em Portugal, sobretudo fora das áreas metropolitanas.
“O transporte coletivo muitas vezes não é alternativa. Nós temos um país que foi pensado para os carros”, lamentou.
Na ilha Terceira, deparou-se com “poucos percursos”, “poucos horários”, falta de “intermodalidade dos transportes” e preços caros.
“Um casal que queira comprar o passe mensal para fazer um trajeto entre a Praia da Vitória e Angra [do Heroísmo] pagará mais de passe do que uma família inteira para usar todos os transportes de toda a área metropolitana de Lisboa”, alertou.
Segundo Catarina Martins, “não só não há transportes, como eles têm um preço que é objetivamente caro”, o que faz com que o transporte individual seja “a única opção”.
“Isto é um absurdo e é vivermos pior, porque do ponto de vista ambiental, climático, é absolutamente irresponsável, é vivermos pior, porque as deslocações ficam muito caras, porque uma boa parte do rendimento das famílias acaba por ser para deslocações, para poderem ir trabalhar, para poderem estar na escola, terem acesso à saúde, ao lazer”, acrescentou.
A coordenadora do BE sublinhou que as autarquias não podem “encolher os ombros” e passar o problema aos governos.
“Passa por exigir do Governo Regional uma aposta maior no transporte coletivo, mas passa também por ser possível articular as autarquias em respostas de transporte coletivo, porque as pessoas não andam só dentro de um concelho”, frisou.
O problema não é exclusivo dos Açores, mas nota-se mais em zonas de baixa densidade populacional, o que é um erro, na opinião da dirigente do Bloco.
“Existe às vezes a ideia de que onde a densidade populacional é mais baixa não deve haver transportes coletivos. Como isto não é uma grande zona metropolitana não deve haver transportes coletivos. Isso é uma ideia falsa, é uma ideia antiga, que joga contra os direitos das pessoas”, frisou.
A coordenadora do BE esteve hoje com os candidatos autárquicos das ilhas de São Miguel e Terceira e desloca-se este sábado à ilha do Faial.
As eleições autárquicas estão marcadas para 26 de setembro.
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