As publicações sobre a vice-presidente democrata estão em crescendo nas últimas semanas, já que a sua base de fãs — conhecida como "KHive" — vinha a pressionar para que o seu nome se impusesse como uma alternativa ao do seu chefe, o presidente Joe Biden, para disputar as eleições contra o republicano Donald Trump em novembro.
Agora, com a decisão de Biden de desistir da disputa presidencial e apoiar a vice-presidente, muitos juntaram-se a este desígnio com um tsunami de memes e entusiasmo nas redes.
Tudo começou com um coqueiro. No ano passado, enquanto Harris discursava na Casa Branca sobre educação, fez menção a algo que, quando criança, costumava ouvir da sua mãe.
"Às vezes, ela dava-nos na cabeça e dizia: 'Não sei o que há de errado convosco, jovens. Vocês acham que acabaram de cair de um coqueiro? Vocês existem no contexto de tudo aquilo que vivenciam e do que veio antes de vocês'", disse.
A citação incomum, juntamente com clipes em que aparece a dançar, as suas gargalhadas às vezes embaraçosas e outros momentos um pouco desconcertantes, tornaram-se referências instantâneas sobre a maneira — na melhor das hipóteses, confusa — na qual a internet vê Kamala Harris.
Depois do desempenho desastroso de Biden no debate contra Trump, que inflamou temores sobre a sua idade com pedidos para que se afastasse da disputa, o KHive deixou a sua marca, com muitos utilizadores das redes sociais declarando-se "coqueirizados".
Criadores de conteúdo fizeram vídeos com segmentos dos seus discursos e das suas danças no TikTok, e, num piscar de olhos, emojis de coqueiro apareceram em toda parte.
Alguns políticos democratas que apoiam a sua indicação não demoraram a surfar essa onda. "Senhora vice-presidente, estamos prontos para ajudar", publicou o senador pelo Havaí, Brian Schatz, junto com uma foto sua a escalar um coqueiro.
"Achas que acabei de cair de um coqueiro?" escreveu o governador de Illinois, JB Pritzker, logo após descartar a sua própria candidatura e colocar-se ao lado de Harris.
Outro ponto importante foi quando a conta oficial da cantora Charli XCX escreveu "kamala IS brat" no X, uma referência ao seu álbum "brat" que está a ser uma das sensações do verão — denominado pelos fãs da artista e pela imprensa como um "brat summer" ("verão dos fedelhos").
A publicação acumulou mais de 35 milhões de impressões na aplicação e a campanha de Harris definiu rapidamente a fotografia do seu cartaz no X com a cor verde-creme da capa do álbum “brat” de Charli.
Mashups virais de músicas de “brat” com citações de Harris, como a do coqueiro, também espalharam-se amplamente no Instagram, X e TikTok.
A febre dos memes de Kamala Harris parece preencher um vazio que havia na campanha de Biden, que tentou usar algo que inicialmente seria depreciativo — as piadas dos republicanos sobre o atual presidente — e inverter o narrativa. Mas Biden sempre teve enorme dificuldade para atrair um eleitorado mais jovem, e alguns americanos viam as ações da sua campanha como tentativas forçadas e ridículas de se conectar com as novas gerações.
"As tentativas de Harris [de se conectar com os mais jovens] tendem a parecer mais autênticas, e até divertidas", escreveu Charlie Warzel na revista The Atlantic.
Ainda assim, a internet é um ambiente volátil, e a campanha de Harris terá de se esforçar para manter o equilíbrio enquanto tenta atrair o público mais jovem.
A disputa segue em terreno desconhecido, mas tudo indica uma mudança geracional mais ampla na medida em que Biden passa o testemunho – e Trump, aos 78 anos, torna-se o candidato presidencial mais velho da história dos Estados Unidos.
Como Mark Stern, da revista Slate, escreveu no X, "os republicanos que observavam com alegria Biden ser destruído no TikTok [...] agora estão a aperceber-se horrorizados que não podem impedir a máquina de memes de transformar Kamala num ícone jovem deste verão".
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