O órgão, que saiu pela primeira vez de Portugal e chegou ao país dentro de uma urna de ouro, foi recebido na base aérea de Brasília com as honras de um chefe de Estado e levado sob forte esquema de segurança ao Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Antes de viajar temporariamente para o país sul-americano que se tornou independente de Portugal em 1822, sob a liderança do monarca que se tornou o primeiro imperador do Brasil, o coração do “Rei Soldado”, que chegou ao Porto em fevereiro de 1835 e que raras vezes saiu do mausoléu da capela-mor da igreja da Lapa, esteve durante o fim de semana em exposição aberta ao público.

Para o retirar do pequeno caixão de mogno guardado no mausoléu são precisas cinco chaves, mil cuidados e uma complexa operação.

Conservado em formol dentro de um recipiente de vidro e, este, dentro de um escrínio de prata dourada, o coração D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal encantou, nos dois dias, 6.294 miúdos e graúdos, portuenses e estrangeiros (3.426 visitantes no sábado e 2.868 no domingo).

O coração do monarca, cujo corpo se encontra na cidade brasileira de São Paulo, atravessou durante a noite o oceano Atlântico, em ambiente pressurizado, para marcar presença nas comemorações do bicentenário da independência do Brasil, antiga colónia portuguesa que o rei conduziu à independência.

No Itamaraty, a relíquia de “D. Pedro I” será exposta a partir de quinta-feira como parte das homenagens pelos 200 anos da independência do país e regressará a Portugal a 08 de setembro.

Na terça-feira, o coração de D. Pedro será transportado, pelas 16:00 locais, ao Palácio do Planalto – sede da Presidência brasileira — onde haverá uma cerimónia às 17:00.

Depois da cerimónia, onde estará presente o Presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, o coração segue novamente para o Palácio de Itamaraty, onde será apresentado ao corpo diplomático e onde ficará em exibição “controlada” até às comemorações do bicentenário da independência, em 07 de setembro.

As diferentes cerimónias serão acompanhadas pelo presidente da Câmara do Porto que, na quinta-feira de manhã, preside no Instituto Rio Branco a uma palestra, intitulada “Dois povos unidos por um coração – o significado político e simbólico de D. Pedro para Portugal e o Brasil”.

Apesar de o autarca regressar a Portugal, o coração do monarca continuará a ser acompanhado pelo comandante da Polícia Municipal do Porto, António Leitão da Silva.

O coração de D. Pedro regressa à cidade do Porto a 09 de setembro, ficando novamente em exposição nos dias 10 e 11, antes de voltar a ser guardado a cinco chaves.