Numa conferência de imprensa organizada na Direção-Geral de Saúde, em Lisboa, Graça Freitas indicou que os oito portugueses retidos num cruzeiro em Tóquio foram testados e deram negativo, desenlance semelhante ao dos 20 cidadãos repatriados de Wuhan e dos quatro casos suspeitos detetados em Portugal.

Trata-se de cinco tripulantes e três passageiros, cujas análises para a presença do 2019-nCov deram resultado negativo, adiantou Graça Freitas.

“Neste momento, todas as situações estão estáveis”, indicou a Diretora-Geral da Saúde, avançando que os "os seis contactos do cluster alemão estão em vigilância, mas também estão assintomáticos e estão bem”.

Ontem, a DGS anunciou que os quatro repatriados que se encontravam no Parque da Saúde de Lisboa foram transportados para junto dos outros cidadãos que já se encontravam no Hospital Pulido Valente e estabeleceu o prazo dos testes de despistagem do novo coronavírus para o fim do isolamento, no 10º ou 11º dia. As primeiras análises efetuadas deram resultados negativos.

Até agora houve quatro casos suspeitos em Portugal, sendo todos negativos.

Foram diagnosticados 41 novos casos de coronavírus entre os passageiros do navio de cruzeiro "Diamond Princess", colocado em quarentena perto do porto japonês de Yokohama, elevando para 61 o número de pessoas infetadas a bordo, informou esta sexta-feira o ministro da Saúde do Japão, Katsunobu Kato.

As autoridades sanitárias continuam a realizar exames médicos aos passageiros e tripulantes do "Diamond Princess", que transportava 3.700 pessoas. O navio está sob quarentena desde segunda-feira e por um período de duas semanas.

Graça Freitas clarificou hoje que não dispõe de informação das autoridades de saúde locais sobre as sete pessoas com passaporte português que estão a bordo de um cruzeiro em quarentena em Hong Kong.

Na quinta-feira, a diretora-geral da Saúde disse, respondendo a uma questão dos jornalistas sobre estes cidadãos, que os mesmos não estavam "em risco especial" e não tinham sintomas.

À Lusa, o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha-Alves, referiu hoje que se trata de tripulantes do navio World Dream e que não têm problemas de saúde.

As autoridades de Macau (região administrativa especial chinesa) e de Portugal continuam, no entanto, sem saber a identidade dos sete cidadãos, desconhecendo se são residentes em Macau ou em Portugal.

O "World Dream", mantido em quarentena desde quarta-feira no porto de Hong Kong, transportava 3.600 pessoas, entre tripulantes e passageiros, que foram sujeitos a exames médicos após a confirmação de que três passageiros chineses, que haviam viajado anteriormente na embarcação, estavam infetados com o novo coronavírus.

Graça Freitas comentou ainda o caso de Li Wenliang, o médico chinês que detetou a doença numa fase precoce e que agora morreu fruto da mesma epidemia, dizendo não ter sido recebida "da China de que em que etapa é que ele se infetou". "

“Pode-se ter infetado antes suspeitar sequer que a epidemia existia, portanto não estaria protegido, pode se ter infetado mais ou menos na mesma altura em que deu a notícia” e “pode ter continuado a trabalhar e ter contraído a infeção depois”, disse a Diretora-Geral da Saúde.

Porém, apesar das críticas que se somam às autoridades chinesas por não terem levado a sério os avisos do médico, Graça Morais diz que estas têm sido "sido exemplares, não só no controlo do surto, como na disponibilização de informação para os países e para as organizações internacionais poderem analisar”, dando como exemplo o facto de estas terem "voluntariamente tomado a decisão de por 50 milhões de pessoas sob quarentena".

A China elevou hoje para 638 mortos e mais de 31 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.

Nas últimas 24 horas, registaram-se 73 mortes e 3.143 novos casos

O novo vírus (2019-nCoV) pertence à mesma família do vírus da síndroma respiratória aguda (SARS, na sigla em inglês), que atingiu 5.327 pessoas entre novembro de 2002 e agosto de 2003 e foi responsável por 800 mortes, a grande maioria na China.

Atualmente, e segundo os dados oficiais mais recentes, mais de 31 mil pessoas estão infetadas com o novo coronavírus na China, onde várias cidades têm imposto medidas drásticas de confinamento a dezenas de milhões de pessoas.

Uma dessas cidades é Wuhan, na província de Hubei (centro da China), onde o novo vírus foi identificado pela primeira vez e onde está identificado o epicentro do surto.

Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção do novo coronavírus confirmados em mais de 20 países.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou em 30 de janeiro uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.

Estas são as principais recomendações das autoridades de saúde à população

O surto do novo coronavírus detetado na China tem levado as autoridades de saúde a fazer recomendações genéricas à população para reduzir o risco de exposição e de transmissão da doença. Eis algumas das principais recomendações à população pela Organização Mundial da Saúde e pela Direção-geral da Saúde portuguesa:

- Lavagem frequente das mãos com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;

- Ao tossir ou espirrar, fazê-lo não para as mãos, mas para o cotovelo ou para um lenço descartável que deve ser deitado fora de imediato;

- Evitar contacto próximo com quem tem febre ou tosse;

- Evitar contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;

- Deve ser evitado o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos;

- Em Portugal, caso apresente sintomas de doença respiratória e tenha viajado de uma área afetada pelo novo coronavírus, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.

Combater a desinformação

A Organização Mundial da Saúde tem tentado também divulgar factos para combater a desinformação e mitos ligados ao novo coronavírus. Eis algumas dessas informações:

- É seguro receber cartas ou encomendas vindas da China, porque as análises feitas demonstram que o coronavírus não sobrevive muito tempo em objetos como envelopes ou pacotes;

- Não há qualquer indicação de que animais de estimação, como cães e gatos, possam ser infetados ou portadores do novo coronavírus. Mas deve lavar-se sempre as mãos após contacto direto com animais domésticos, porque protege contra outro tipo de doenças ou bactérias;

- Não há também prova científica de que o consumo de alho ajude a proteger contra o novo coronavírus;

- Usar e colocar óleo de sésamo não mata o novo coronavírus;

- As atuais vacinas disponíveis no mercado contra a pneumonia não previnem contra o coronavírus 2019-nCoV. Este novo vírus precisa de uma nova vacina que ainda não foi desenvolvida;

- Os antibióticos não servem para proteger ou tratar as infeções provocadas pelo coronavírus. Os antibióticos são usados para infeções bacterianas e não virais. Contudo, os doentes hospitalizados infetados com coronavírus poderão ter de receber antibióticos porque pode estar presente também uma infeção bacteriana;

- Pessoas de todas as idades podem ser afetadas pelo coronavírus. Contudo, pessoas mais velhas ou com doenças crónicas (como asma ou diabetes) parecem ser mais vulneráveis a ter doença grave quando infetadas.

Onde chegou o coronavírus?

Esta é a lista dos países e territórios que notificaram casos de contágio do novo coronavírus, da mesma família da SARS, desde o seu surgimento, em dezembro na cidade Wuhan, na província chinesa de Hubei.

Fora da China continental, foram confirmados mais de 320 casos de contágio em 30 países e territórios.

CHINA

Mais de 31.520 pessoas foram infectadas na China continental. Pelo menos 638 delas morreram. Quase todas as mortes ocorreram na província de Hubei, local do surgimento do contágio e de onde Wuhan é a capital.

Uma pessoa também morreu em Hong Kong, onde pelo menos 24 casos foram registrados.

Dez casos foram reportados em Macau.

Um caso no Tibete.

ÁSIA-PACÍFICO

Leste Asiático

Coreia do Sul: 24 casos

Japão: 86 casos, 61 deles a bordo do cruzeiro Diamond Princess, que está em quarentena em Yokohama

Taiwan: 16 casos

Sudeste Asiático

Camboja: um caso

Malásia: 15 casos

Filipinas: três casos, entre eles um morto em Manila

Singapura: 33 casos

Tailândia: 25 casos

Vietname: 12 casos

Sul da Ásia

Índia: três casos

Nepal: um caso

Sri Lanka: um caso

Austrália: 15 casos

AMÉRICA DO NORTE

Canadá: 5 casos, além de dois canadenses a bordo do cruzeiro isolado no Japão

Estados Unidos: 12 casos

EUROPA

Alemanha: 13 casos

Bélgica: um caso

Espanha: um caso

Finlândia: um caso

França: seis casos

Itália: três casos

Suécia: um caso

Reino Unido: três casos

Rússia: dois casos

MÉDIO ORIENTE

Emirados Árabes Unidos: cinco casos

[Notícia corrigida às 18:44 — corrige a informação de que os portugueses que testaram negativo para o coronavírus são os presentes no cruzeiro atracado em Tóquio, e não os detentores de passaporte português que estão num navio em Hong Kong]