Dezenas de pessoas reuniram-se hoje perto do prédio escolhido para acolher pacientes portadores do coronavírus e protestaram contra esta instalação. Algumas pessoas bloquearam as ruas e lançaram cocktails molotov contra o edifício.

"Estes atos destrutivos representam uma séria ameaça à segurança das pessoas", disse a polícia de Hong Kong em comunicado. Um fotógrafo da AFP viu grandes chamas a sair da entrada do prédio antes dos bombeiros intervirem.

As autoridades de Hong Kong decretaram a epidemia que começou no centro da China uma emergência pública e anunciaram ontem uma série de medidas. Até o momento, seis casos foram detectados no território autónomo.

Entre as medidas adotadas, a transformação de um prédio recentemente concluído, mas ainda vazio, no distrito de Fanling, em local de quarentena temporária. Contudo, depois da manifestação ter sido dispersada pela polícia, o Centro de Proteção à Saúde disse que os planos para transformar o prédio em centro de quarentena estavam suspensos.

Um primeiro centro de quarentena já foi instalado num parque, longe da cidade, enquanto outros dois parques estão prontos para receber outros pacientes.

As autoridades disseram que estão com dificuldades para encontrar locais dispostos a acomodar as equipas médicas que trabalham nos centros de tratamento isolados onde os primeiros pacientes são recebidos.

Segundo o governo chinês, o vírus já matou 56 pessoas na China e infetou mais de dois mil, uma contaminação que deve acelerar nas próximas semanas.

O vírus foi inicialmente detetado no mês passado num mercado de mariscos nos subúrbios de Wuhan, a capital da província de Hubei, que é também um importante centro de transporte doméstico e internacional, mas alastrou-se, entretanto, a várias províncias chinesas.

A doença foi identificada como um novo tipo de coronavírus, semelhante à pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China, mais de 300 pessoas delas em Hong Kong, traumatizando uma das áreas mais densamente povoadas do mundo.

Casos de coronavírus foram, entretanto, detetados nos Estados Unidos, França, Canadá, Austrália, Singapura, Malásia, Tailândia, Japão, Vietname, Coreia do Sul e Nepal.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde informou hoje que o caso suspeito de infeção em observação em Lisboa foi negativo, após realização de análises laboratoriais.

Trata-se de um homem que tinha regressado de Wuhan no sábado, e que foi internado no Hospital Curry Cabral em situação estável.

Os sintomas associados à infeção causada pelo coronavírus com o nome provisório de 2019-nCoV são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, como falta de ar.