Em comunicado enviado à agência Lusa, a Câmara da capital do Alto Minho diz que a "CorPower Ocean e a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) chegaram a acordo para desenvolver a instalação de energia oceânica no porto comercial de Viana do Castelo".
"A APDL proporcionará espaço para o fabrico, montagem e manutenção de conversores de energia das ondas à escala comercial", adiantou o município presidido pelo socialista José Maria Costa.
Também em comunicado hoje enviado à Lusa, a APDL explicou que a "fábrica de produção, montagem, manutenção e reparação de conversores de energia das ondas" vai ficar instalada no porto de mar de Viana do Castelo, pelo menos, até ao ano de 2024, estando a expansão para instalações definitivas, em Viana do Castelo, planeada para o final do projeto de demonstração a instalar ao largo da praia da Aguçadoura, na Póvoa de Varzim, distrito do Porto.
"A tecnologia desenvolvida pela CorPower diferencia-se das demais por obter cinco vezes mais energia por tonelada de dispositivo e por possuir um modo de sobrevivência único, que oferece robustez nas mais exigentes condições marítimas, entre outras inovações que se afiguram disruptivas face à tecnologia existente", explica na nota a APDL.
Segundo a APDL, "o porto de Viana do Castelo permite o estabelecimento de uma base de operações com características únicas, onde se poderão desenvolver todas as atividades afetas às fases finais de validação da tecnologia proposta pela CorPower".
"Este projeto está em linha com os objetivos de sustentabilidade europeia e é um passo considerável para a descarbonização e a implementação de energia limpa a larga escala. Pretendemos servir de exemplo para que outros portos europeus utilizem as infraestruturas existentes da mesma forma", afirma a administração da APDL.
O projeto "é apoiado por investidores privado e públicos europeus, designadamente o Equity Funding, Swedish Energy Agency, Portugal Compete 2020, e EU Grants e está em linha com o plano do Governo para o desenvolvimento da energia renovável do país, um setor que poderá gerar 254 milhões de euros em investimentos, 280 milhões de euros em valor bruto acrescentado e criar 1500 novos postos de trabalho".
Em causa está o projeto considerado "pioneiro", designado por HiWave-5, desenvolvido pela CorPower.
A empresa, líder em tecnologia de energia das ondas, justificou a escolha de Viana do Castelo para a instalação do centro I&D "com um sólido conjunto de engenheiros de setores como eólicas marítimas, fabrico de compósitos e estaleiros navais, universidades de alto nível e infraestrutura industrial, incluindo portos e ligação à rede".
"Esta é uma etapa crucial na nossa busca pelo desenvolvimento de uma nova classe de Conversores de Energia das Ondas (WEC - Wave Energy Converters) de alta eficiência. O objetivo da CorPower é introduzir com sucesso no mercado produtos WEC certificados e com garantia até 2024, tornando a energia das ondas uma tecnologia viável e capaz de atrair financiamento para projetos de fontes renováveis convencionais", explicou o CEO da CorPower Ocean, Patrik Möller.
Segundo a nota enviada à Lusa, "o trabalho da CorPower Ocean complementa a estratégia industrial portuguesa para as energias renováveis oceânicas, concebida para criar um ?cluster' de exportação industrial competitivo e inovador para as energias renováveis oceânicas".
"Recentemente, a operadora de rede REN instalou um novo cabo 'offshore' ao serviço de eólicas flutuantes, e existe um interesse comercial significativo por parte de empresas de serviços públicos e promotores de projetos para o desenvolvimento do projeto de ondas da próxima geração", acrescenta.
Em causa está o Windfloat Atlantic(WFA), um projeto de uma central eólica 'offshore' (no mar), em Viana do Castelo, orçado em 125 milhões de euros, coordenado pela EDP, através da EDP Renováveis, e que integra o parceiro tecnológico Principle Power, a Repsol, a capital de risco Portugal Ventures e a metalúrgica A. Silva Matos.
Trata-se do primeiro parque eólico flutuante da Europa continental, situado 20 quilómetros ao largo de Viana do Castelo.
Para a CorPower Ocean, "a energia das ondas pode desempenhar um papel fundamental na transição de Portugal para um país 100% de energia renovável, oferecendo uma plataforma para impulsionar as exportações portuguesas e as oportunidades de investimento a longo prazo para as cadeias de abastecimento locais".
O programa HiWave-5 "é reconhecido como sendo um dos esforços mais ambiciosos em energia oceânica, estimando-se que com a chegada do HiWave-5 seja consolidada a reputação de Portugal como líder mundial em energia renovável, com investimentos significativos em pessoal, tecnologia e instalações".
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