No encerramento do primeiro dia das jornadas parlamentares do PS, que decorrem em Caminha (Viana do Castelo), António Costa fez um balanço de mais de meia hora da primeira metade da legislatura, em jeito de antecipação do debate do estado da Nação que decorre na próxima quarta-feira.
No final, centrou-se nos desafios para o futuro, e apontou como ambição que o país seja “o melhor” na execução do PRR, depois de ter sido o primeiro a entregá-lo em Bruxelas.
“Este PRR não caiu do céu, nasceu da vontade comum dos europeus, mas também da luta de muitos”, afirmou, lembrando que no próximo dia 21 de julho faz um ano que, de madrugada, foi possível aprovar este instrumento a nível europeu.
Perante muitos dos 108 deputados da bancada socialista, António Costa transmitiu a mensagem que diz deixar aos portugueses que o abordam na rua, tanto aos “simpáticos” que lhe desejam “força” para resistir, como aos que dizem que não gostariam de estar na sua pele.
“A todos esses quero dizer o seguinte: tem sido duro, tem, mas é um combate e uma dureza que não nos tiram força, não nos tiram ânimo. Pelo contrário, só nos redobram o ânimo, só nos triplicam a força. Vamos ser os melhores a executar o PRR, vamos salvar as nossas empresas, vamos criar mais e melhores empregos”, apelou.
“Não há razão para lançar foguetes”, mas sem medidas do Governo desemprego “seria o dobro”
O secretário-geral do PS admitiu hoje que “não há razões para lançar foguetes”, mas defendeu que sem as medidas adotadas pelo Governo o desemprego “seria o dobro”, comparando a atual resposta com a da direita na anterior crise.
“É razão para lançar foguetes ou dizer que estamos no país das maravilhas? Não, não há razão para lançar foguetes, há mais 86 mil pessoas no desemprego do que no início da crise”, disse.
No entanto, o líder socialista e primeiro-ministro citou o Banco de Portugal para defender que, sem as medidas do Governo, “o desemprego seria o dobro do que é”.
“Estaríamos a caminho dos 18% a que a direita nos levou na última crise”, acusou.
As diferenças entre a atuação do Governo que lidera e a forma como o executivo encabeçado pelo PSD no período da ‘troika’ respondeu foram, aliás, uma das tónicas do discurso de António Costa, que elencou quatro marcas da resposta à atual crise, depois de uma referência às mais de 17 mil pessoas que morreram em Portugal desde o início da pandemia de covid-19.
A capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a eficácia no processo de vacinação; a resposta à crise económica e social; os efeitos que esta resposta produziu na economia e a manutenção dos compromissos estratégicos assumidos pelo PS no seu programa de Governo foram as quatro áreas abordadas por Costa na sua longa intervenção.
Sobre o SNS, o primeiro-ministro contabilizou em 1.400 milhões de euros o investimento feito na legislatura anterior, “praticamente repondo tudo o que a direita tinha cortado”, a que se somaram os sucessivos reforços em 2019 e 2020, antes e depois da pandemia, com tradução em “mais 27 mil profissionais de saúde” desde 2015.
Neste ponto, Costa exigiu aos que anteciparam “um caos no SNS” ou na vacinação que agora “peçam desculpas” aos portugueses.
O líder socialista apontou que Portugal “está a ganhar” a luta da vacinação, tendo sido atingidas hoje as dez milhões de vacinas administradas em Portugal, e deixou um agradecimento “muito especial” ao vice-almirante Gouveia e Melo, que lidera a ‘task-force’.
Como segunda marca, o primeiro-ministro comparou a resposta à crise económica e social com a austeridade que diz ter sido imposta pela direita em 2011, e que muitos antecipavam novamente.
“Enganaram-se (…) Não cortámos salários, não cortámos pensões, não cortámos investimento, não aumentámos impostos”, afirmou.
Por isso, defendeu, a resposta deste Governo produziu também efeitos diferentes na atração de investimento estrangeiro e na confiança dos mercados.
“Este ano conseguimos a primeira emissão de dívida a dez anos com juros negativos, que é o teste de algodão da confiança dos mercados na nossa capacidade de recuperação”, considerou.
Finalmente, António Costa defendeu que o Governo conseguiu dar esta resposta sem alterar os compromissos do início da legislatura: o desafio demográfico, o combate às alterações climáticas, a transição digital e a redução das desigualdades.
“Vamos para o quarto ano com saldo migratório positivo (…) Sim, desta crise ninguém está a fugir do país para procurar emprego noutro lado”, frisou.
Tiago Brandão Rodrigues, que foi cabeça de lista pelo PS por Viana do Castelo, era o único ministro na plateia e Costa não se esqueceu de referir a sua qualidade de “recordista” dos ministros da Educação.
“Não vai haver uma geração da educação covid, esta geração vai ter as mesmas ferramentas de aprendizagem que outras gerações tiveram”, assegurou.
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