Estas posições foram assumidas por António Costa e Olaf Scholz em conferência de imprensa, em São Bento, após uma reunião entre ambos de cerca de uma hora e depois de questionados sobre a possibilidade de a Lufthansa entrar no futuro processo de privatização da TAP.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, que esta noite também participa no jantar comemorativo dos 50 anos da fundação do PS na qualidade de dirigente do SPD (sociais-democratas germânicos), considerou que a estratégia das duas companhias aéreas “é complementar”.
Olaf Scholz disse mesmo acreditar que, se não fosse a pandemia da covid-19, a partir de março de 2020, “já poderiam existir factos consumados nesse domínio”, numa alusão às negociações em que a Lufthansa esteve anteriormente envolvida.
Antes do chanceler alemão, o primeiro-ministro português referiu que em breve vai iniciar-se o processo de privatização da TAP.
“Nas pré-consultas ao mercado verificámos que há várias empresas que manifestaram interesse, entre elas a Lufthansa. Sabemos que o interesse da Lufthansa não é recente, já que antes da covid-19 tinha estado em negociações com o [então] acionista privado [da TAP] para tomar uma posição”, observou.
António Costa frisou que o Estado Português “tem de assegurar um processo transparente” no processo de privatização, “onde todos partem em posição de igualdade”.
“Mas, obviamente, a Lufthansa é muito bem-vinda, é uma grande companhia aérea. Tem uma estratégia de grande complementaridade relativamente ao hub da TAP. No entanto, todos estão no mesmo ponto na linha de partida”, realçou.
Na conferência de imprensa, o primeiro-ministro foi também questionado se conhecia o teor do parecer do Governo que fundamenta a demissão com justa causa da ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener. Uma questão em relação à qual o PSD pediu esclarecimentos e não obteve resposta, e que tem motivado duras críticas ao executivo socialista por parte dos sociais-democratas.
“As comissões parlamentares de inquérito são comissões parlamentares, decorrem no parlamento e a Assembleia da República é um órgão de soberania que temos de respeitar. Era o que falava o Governo não respeitar as decisões do parlamento, a sua autonomia e o seu normal funcionamento. O Governo não comenta a ação do parlamento, o Governo responde politicamente perante o parlamento”, respondeu.
Perante a insistência nesta questão do âmbito da comissão de inquérito parlamentar sobre a gestão da TAP, o líder do executivo português considerou que o Governo “tem cumprido o seu dever de explicar à opinião pública a fundamentação das decisões que toma”.
“É um dever de transparência numa sociedade democrática quando decide explicar qual o fundamento da decisão. Acho que foi isso que os senhores ministros das Finanças [Fernando Medina] e das Infraestruturas [João Galamba] fizeram”, acrescentou.
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