"Tudo o que foi acordado com o doutor António Domingues foi escrupulosamente cumprido pela parte do Governo", declarou Costa, entrevistado hoje à noite na RTP.
Reconhecendo que "não se pode negar que houve um conjunto de episódios que certamente não são positivos" em torno da CGD, Costa frisou, contudo, que, no que refere ao presidente executivo do banco ainda em exercício, o executivo cumpriu com o acordado.
A "luz verde prévia da Comissão Europeia ao plano de recapitalização" do banco, o "respeito pelo compromisso que a CGD tivesse um regime salarial compatível com o sistema de mercado" e o cumprir da "garantia de que não seria aplicado o estatuto de gestor público" aos administradores do banco foram os fatores acordados com António Domingues destacados por Costa.
O gestor António Domingues anunciou a sua demissão da CGD, com efeitos a 01 de janeiro de 2017, depois de semanas marcadas por várias polémicas, nomeadamente em torno da obrigatoriedade ou não da apresentação junto do Tribunal Constitucional (TC) das declarações de património e rendimento dos administradores do banco.
Várias notícias - e inclusive comentários de Lobo Xavier, administrador do BPI, de onde Domingues proveio - indicavam a possibilidade de haver um acordo escrito e emails registados entre Domingues e o Governo, mas o chefe do Governo assegurou hoje que tudo o acordado com o gestor foi cumprido.
Ainda sobre a CGD, tema que dominou praticamente metade da hora de entrevista, António Costa defendeu ser importante "não confundir episódios que o tempo deixará para trás com aquilo que vai ficar para o futuro", um banco público recapitalizado.
"Este ano a CGD viveu dois momentos muito importantes: primeiro, viu ultrapassado o estado de negação da sua realidade, e em segundo lugar foi possível negociar o plano da sua recapitalização", afirmou.
Nesta fase, realçou o primeiro-ministro, o executivo aguarda a auditoria completa feita ao banco, mas Costa garante já que os três mil milhões de euros de possível prejuízo no final de 2016 - número avançado no sábado pelo Expresso - consistem num valor acumulado e não no prejuízo global do ano.
Tal montante, acrescentou ainda, funciona como base de partida para melhor perceber as reais necessidades de financiamento da Caixa e, desse modo, avançar o plano de recapitalização.
Sobre o sistema financeiro no seu global, o governante declarou querer acabar 2016 com "o quadro geral" do sistema "totalmente estabilizado", tendo-se recusado a dar novos detalhes sobre o processo de venda do Novo Banco.
"Seria uma indelicadeza da minha parte estar aqui a tentar condicionar a negociação. Quando for o tempo, o Governo falará, o Governo falará sobre essa matéria", reforçou, sublinhando que nesta fase o processo está nas mãos do Banco de Portugal.
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