“Nós portugueses temos, aliás, um bom motivo para compreender a importância de defender, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, o primado do direito internacional. Todos nos recordamos que, durante muitos anos, Timor-Leste foi um território ocupado ilegalmente pela Indonésia e houve momentos em que Portugal esteve sozinho na cena internacional a bater-se pela defesa do direito à autodeterminação do povo de Timor-Leste”, mas “quando muitos já acreditavam que não era possível, a verdade é que o direito internacional prevaleceu e essa é de melhor demonstração de que o direito internacional é a grande arma dos pequenos países e dos povos que querem ser livres e viver em paz”, declarou António Costa.
Falando à imprensa portuguesa em Paris, após ter participado numa reunião de alto nível para apoio contínuo à Ucrânia convocada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, quando se assinalam dois anos do início da invasão russa, o chefe de Governo português comparou: “Defender a preservação e o primeiro direito internacional na Ucrânia é nós estarmos a garantir a nossa própria segurança no futuro”.
Depois de o seu homólogo eslovaco, Robert Fico, ter dito que alguns países ocidentais estão a considerar acordos bilaterais para enviar tropas para a Ucrânia, António Costa assegurou que “não há nenhum cenário em que essa questão se tenha se tenha colocado”.
“Nem vejo que qualquer país da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] o deva fazer e, sobretudo, são decisões que a serem tomadas terão que ser tomadas coletivamente, porque numa Aliança de defesa coletiva a geração de riscos é também do interesse comum de todos, mas não foi tema” nesta reunião em Paris, acrescentou.
Já quanto às declarações de Emmanuel Macron, que afirmou no arranque da reunião de alto nível que os líderes internacionais, incluindo da União Europeia, devem preparar-se “para que a Rússia ataque” estes países, devendo por isso “fazer mais” para apoiar a Ucrânia de forma a que ganhe a guerra, António Costa sublinhou que “não é momento de fazer especulações”.
“Temos de nos preparar para os diferentes riscos, mas com uma determinação grande e com a consciência de que a forma como hoje soubemos demonstrar a capacidade de apoiar o esforço extraordinário do povo ucraniano na sua própria defesa, na defesa do direito internacional, é a melhor defesa que nós dizemos para o nosso próprio no futuro”, concluiu.
Comentários