António Costa falava numa cerimónia de homenagem a Eduardo Lourenço, no Palácio Foz, em Lisboa, durante a qual lhe entregou em mãos a primeira edição de um prémio com o seu nome lançado pela Livraria Lello, uma escultura da autoria do arquiteto Siza Vieira.
O antigo Presidente da República Jorge Sampaio e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, também se juntaram a esta cerimónia, em que, no final, se cantou os parabéns a Eduardo Lourenço.
O professor e ensaísta agradeceu esta "homenagem siderante", considerando-a "de difícil de leitura, mesmo para quem é o objeto dessa manifestação de simpatia", e falou sobre o papel de Portugal na história, associando-o a uma "vontade de não abdicar do sonho", uma "vontade um pouco louca".
"Portugal viajou uma viagem por conta própria, um sonho, e esse sonho não tem fim e não terá fim", afirmou Eduardo Lourenço, recebendo palmas. "Os portugueses atreveram-se tanto quanto podiam, talvez, e esse atrevimento é aquele que ficará realmente na história de nós", reforçou.
Na sua intervenção, António Costa referiu-se ao pensamento de Eduardo Lourenço sobre a Europa e, a esse propósito, fez alusão ao facto de ter sido candidato às eleições europeias de 2014 "em lugar não elegível", 21.º na lista do PS, mas teve o cuidado de não nomear a força política, porque "a Comissão Nacional de Eleições (CNE) não permite".
"Foi um sinal que devemos nunca esquecer, do seu permanente compromisso cívico e político, inseparável da sua vivência cultural. Foi seguramente este cidadão, ativo e comprometido, que o senhor Presidente da República reconheceu, ao designá-lo para o Conselho de Estado, onde tenho tido o privilégio de poder partilhar o brilho das suas reflexões, com que, infelizmente à porta fechada, nos vai privilegiando sobre a sua reflexão dos tempos que vão passando", acrescentou.
O chefe do Governo e secretário-geral do PS elogiou o "pensamento livre", a "curiosidade infinita" e a "sabedoria ilimitada" de Eduardo Lourenço e descreveu-o como "um verdadeiro Rei Midas da cultura", que faz brilhar "o puro ouro da inteligência e da cultura" em tudo o que toca.
"Pelo que Eduardo Lourenço nos tem dado de sabedoria e de lucidez, pela sua capacidade para nos pensar como povo e país, a data do seu aniversário merece ser celebrada como um dia de festa da cultura portuguesa", defendeu.
O primeiro-ministro encerrou o seu discurso afirmando que "são homens como Eduardo Lourenço que dão coesão à comunidade, identidade aos países, duração ao tempo, consistência aos sonhos e sentido aos caminhos do futuro".
"Um futuro que, como ele sempre quis e pelo qual sempre lutou, tenha, para todos os homens, aquela liberdade livre e aquela dignidade material e espiritual que são a condição para não invocarmos em vão palavras como esquerda e progresso - isto creio que a CNE permite dizer -, justiça e humanidade", concluiu, felicitando-o uma vez mais pelos seus 96 anos.
(Notícia atualizada às 18h48)
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