Em declarações aos jornalistas no final de uma cimeira europeia informal, realizada na cidade espanhola de Granada e focada em reformas institucionais para preparar a UE para desafios como o do alargamento e das migrações, o chefe de Governo indicou ter proposto aos seus homólogos a visão de uma União como “um grande edifício multifuncional”, no qual os países “só utilizam alguns dos espaços que desejam verdadeiramente usar”.
Certo é que, para “estruturar o futuro da União, todos têm de participar” no projeto europeu, acrescentou.
António Costa fez mesmo uma comparação: “como se fosse um centro comercial, com área comum”, mas também com áreas como restauração e de compras, às quais só vai, respetivamente, “quem quer comer” ou “quem quer comprar roupa”.
A ideia seria “evitar sucessivas questões de bloqueio”, como as de hoje, assinalou, aludindo à “contestação de dois Estados-membros sobre o parágrafo das migrações” na declaração final.
A pressão da Hungria e Polónia levou hoje à retirada de um parágrafo sobre as migrações da declaração final do Conselho Europeu informal de Granada, por estes países contestarem as novas regras migratórias e defenderem uma votação por unanimidade.
Ainda no que toca à questão institucional e numa altura em que se discute a revisão da arquitetura orçamental da UE, António Costa propôs uma espécie de “PRR permanente”, numa alusão ao Plano de Recuperação e Resiliência pós-covid-19, para assegurar “financiamento para investimentos e reformas”, nomeadamente em situações de crise.
Por ser uma reunião informal, não haveria decisões a tomar.
Ainda assim, o primeiro-ministro português adiantou não ter sentido “nenhuma rejeição” à sua visão para o futuro da Europa.
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