O primeiro-ministro desdramatizou hoje a "divergência rara" com o presidente da República a propósito do caso Galamba, manifestando a intenção de manter uma "boa cooperação" com os outros órgãos de soberania, após a cerimónia de entrega do Prémio Camões à escritora moçambicana Paula Chiziane, à saída do Picadeiro Real, em Belém.

Segundo António Costa, a primeira parte do discurso do presidente da República "confirmou o que já sabíamos: temos uma divergência quanto à responsabilidade por um conjunto de eventos deploráveis".

"Em sete anos e dois meses de relacionamento foi uma exceção naquilo que o próprio senhor presidente designou como uma relação que tem sido marcada pela capacidade de acertarmos agulhas", frisou ainda.

Por isso, Costa acredita que "não se justifica dramatizarmos" por neste tempo "ter havido um momento em que as agulhas não ficaram acertadas".

Quanto à segunda parte do discurso, que visa essencialmente o futuro, o primeiro-ministro considera que é um tema em que existe "total convergência".

"O que mais importa é manter uma boa cooperação entre os órgãos de soberania, para garantir a estabilidade e permitir que se prossiga uma ação que permita que as melhorias da economia se vão progressivamente traduzindo nas melhorias da condição de vida dos portugueses", acrescentou António Costa.

Por isso, considerou que o que aconteceu é "uma divergência natural", embora "rara", mas que é "normal entre dois órgãos de soberania", ainda para mais vindos de "hemisférios distintos" no campo político.

Questionado sobre o facto de não aceitar a demissão de João Galamba e sobre as condições do ministro para continuar a exercer as suas funções, o primeiro-ministro respondeu que tudo é espelhado nos "bons resultados" atingidos e que "não vamos revisitar o passado".

Na quinta-feira, na sua comunicação, Presidente da República prometeu que estará "ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia" para prevenir fatores de conflito que deteriorem as instituições e "evitar o recurso a poderes de exercício excecional".

O chefe de Estado qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma "divergência de fundo" e considerou que essa decisão de António Costa tem custos "na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado".

"O que sucedeu terá outros efeitos no futuro. Terei de estar ainda mais atento à questão da responsabilidade política e administrativa dos que mandam, porque até agora eu julgava que sobre essa matéria existia, com mais ou menos distância temporal, acordo no essencial. Viu-se que não, que há uma diferença de fundo", considerou.

"Assim, para prevenir o aparecimento e o avolumar de fatores imparáveis e indesejáveis de conflito, terei de estar ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia, para evitar o recurso a poderes de exercício excecional que a Constituição me confere e dos quais não posso abdicar", prosseguiu.

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