Portugal já recebeu 694.900 doses de vacinas contra a covid-19, anunciou esta segunda-feira a ministra da Saúde, Marta Temido, em conferência de imprensa para fazer o balanço do Plano de Vacinação.

Detalhando um pouco os números, a governante salientou que, até às 13h00 de hoje, foram realizadas em Portugal mais de 533.070 mil inoculações. Desse número, 333 mil correspondiam a primeiras doses e 200 mil a segundas doses.

Estas vacinas, explicou, abrangem residentes e profissionais em estabelecimentos residenciais para idosos, profissionais de saúde, pessoas com mais de 80 anos ou entre 50 e 79 anos e uma das comorbilidades identificadas e profissionais de serviços essenciais.

Já foram vacinados alguns titulares de órgãos de soberania. Neste âmbito, uma das informações reveladas pela governante foi a de que a própria já foi vacinada com a primeira dose. "Eu própria fui vacina hoje ao final da manhã", informou a ministra da Saúde.

Recorde-se que há poucas horas tinha sido noticiado que o primeiro-ministro, António Costa, também tinha sido vacinado com a primeira dose.

Outras informações: 

  • Mais 145 mil doses vão ser administradas nesta semana de modo a "completar ciclos de vacinação";
  • Os números iniciais davam conta de que Portugal receberia 4,4 milhões de doses de vacinas no 1.º trimestre, mas o novo plano de vacinação, atualizado semanalmente com informação revelada pelas farmacêuticas, traça um número mais reduzido: 2,5 milhões de doses de vacinas;
  • Esta segunda-feira chegaram mais 104.130 doses da Pfizer e, de acordo com a ministra, está prevista para sexta-feira uma entrega da AstraZeneca de 93.600 doses;
  • A cobertura vacinal de Portugal é de 2,02% na população residente no continente. Ou seja, 5,42 doses de vacinas por 100 pessoas residentes;
  • A governante reiterou que "não há motivo nenhum neste momento" para considerar que o país não vai cumprir a meta de vacinar 70% da população contra a covid-19 até ao final do verão.

Simulador destinado a pessoas com mais de 50 anos

De acordo com as informações hoje avançadas pelo presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Luís Goes Pinheiro, "o erro mais frequente" registado pelo sistema está relacionado com as pessoas que não têm o cartão de cidadão e possuem apenas o bilhete de identidade, estando essa circunstância associada a problemas de comunicação entre os sistemas de informação.

Questionado sobre as falhas que tem sido reportadas no simulador destinado a pessoas com mais de 50 anos com comorbilidades e a idosos com mais de 80, os grupos abrangidos pela primeira fase de vacinação, respondeu que os dados de quem tem um Cartão de Cidadão transitam diretamente para os sistemas da saúde.

"Há uma identidade total entre a informação que temos nas nossas bases de dados e na informação que consta no documento de identificação", disse, frisando, contudo, que há situações que originaram problemas na hora de passar a documentação para a plataforma.

"Quando as pessoas não têm Cartão de Cidadão — e sabemos que isto acontece muito neste universo porque são pessoas com mais idade e que têm Bilhete de Identidade vitalício — houve um momento das suas vidas que se inscreveram no Serviço Nacional de Saúde e alguém apontou o número num papel antes de existirem os sistemas de informação. Podem ter existido lapsos e que não permitem uma identificação absoluta", completou, salientando que é o caso dos nomes com "de", "dos", etc.

Todavia, Goes Pinheiro garantiu igualmente que as "pessoas com mais de 80 anos que estejam inscritas no SNS fazem garantidamente parte das listas".

Em termos estatísticos, Luís Goes Pinheiro adiantou também que até à conferência de imprensa desta tarde, "“23.162 utilizadores tinham utilizado este portal, 2.347 utilizadores aproveitaram para atualizar os seus dados e apenas 39 utilizadores sinalizaram que não tinham número do SNS e deixaram os seus dados para poderem ser trabalhados posteriormente".

"Objetivo é manter um nível elevado de realização de testes"

"O nosso objetivo é manter um nível elevado de realização de testes. Ontem foram registados mais de 30.200 testes. Temos tido em fevereiro uma média diária de 39 mil testes e esta média diária só foi superada em janeiro, sendo que mesmo em meses com uma elevada incidência, como dezembro e novembro, as médias diárias ficaram abaixo", afirmou Marta Temido.

Após o máximo de quase 77 mil testes atingido em 22 de janeiro, a ministra reconheceu a diminuição da procura nas últimas semanas e lembrou a revisão das normas de rastreio de contactos de risco pela Direção-Geral da Saúde, que entraram hoje em vigor, como forma de manter o ritmo do combate à pandemia.

"Agora temos um número de testes menor em termos daquilo que é a procura de testes nos vários pontos da rede. Foi por essa circunstância que optámos por solicitar orientações técnicas que permitissem alargar os testes independentemente do grau de risco dos contactos. Com a entrada em vigor dessas normas, não só os contactos de alto risco, mas todos os contactos independentemente do grau de risco devem ser sujeitos a teste", observou.

Questionada sobre a capacidade disponível de meios humanos para realizar as estratégias de rastreio mais abrangentes e periódicas noutras estruturas, como escolas, a ministra da Saúde reconheceu a necessidade de uma gestão "eficiente" dos recursos.

"Temos de fazer uma utilização eficiente dos seus esforços para garantir que as prioridades não são desacauteladas. A realização dos testes nesses locais pode ser feita por profissionais de saúde ou entidades subcontratadas. Temos estas duas vias em cima da mesa, no sentido de garantir a melhor rentabilização possível dos profissionais", notou.

Em paralelo, Marta Temido admitiu que os profissionais de saúde têm também de começar a retomar a atividade assistencial não covid, que foi, entretanto, suspensa com a terceira vaga pandémica no país.

"O Serviço Nacional de Saúde precisa de conseguir responder a essas necessidades. É totalmente indesejável mantermo-nos com números de utilização dos serviços de saúde na resposta à covid ainda do tipo daqueles que temos neste momento. Enquanto mantivermos este nível de pressão, teremos imensas dificuldades em garantir outros tipos de cuidados", reiterou, apelando ao cumprimento contínuo das medidas de precaução.

Ajuda internacional e o caminho lento nas enfermarias 

Relativamente à ajuda internacional no combate à covid-19, com reforço do SNS, Marta Temido salientou que dois países membros da União Europeia, a França e o Luxemburgo, estão a colaborar com Portugal com o envio de duas equipas de profissionais de Saúde.

"Uma que vai ficar no Hospital Garcia de Orta e outra no Hospital de Espírito Santo em Évora a apoiar aquilo que são as respostas que estas duas unidades dão", explicou a governante.

"Neste momento há, como sabem, outros Estados-membros [da União Europeia] que se disponibilizaram o país. Consideramos que estes apoios são importantes até para testar eventuais articulações que seja necessárias num futuro que não sabe exatamente como vai evoluir", completou, terminando que a situação serve para "testar mecanismos de colaboração que são sempre úteis".

Marta Temido salientou, porém, que "mesmo com vacinação o caminho que temos para percorrer é muito longo e as pessoas que foram vacinadas devem manter as medidas de precaução sociais".

(Notícia atualizada às 19:24)