Segundo a ministra da Saúde, Marta Temido, "até ao final do dia de hoje, a Direção-Geral da Saúde (DGS) irá proceder à atualização dos boletins covid-19" no que toca aos dados que têm estado em falta desde o dia 30 de junho.
"Faz hoje oito dias que os dados referentes ao relatório de situação diário da Direção-Geral da Saúde tiveram como fonte os dados agregados dos ACES respetivos. Essa nota tem estado a constar nos relatórios diários de situação de então para cá, uma situação que vai ser corrigida nas próximas horas", disse a ministra.
Em causa estão cerca de 200 casos — 207, segundo os dados da ministra — que continuam ainda por incluir no total na Região de Lisboa e Vale do Tejo, referentes a testes realizados por um laboratório privado que em três dias da semana passada não os registou no sistema para o efeito, estando a sua distribuição ainda a ser analisada pelas autoridades de saúde.
"O objetivo é regularizar a situação de ausência de notificação laboratorial, que foi detetada relativamente ao dia 2 de julho e reportada no boletim de dia 3", anunciou a ministra, acrescentando que se verificou na passada sexta-feira, dia 3, que "a data mais antiga de resultado dos testes remontava a 29 de julho, pelo que se procederá à atualização de todos os boletins publicados desde o dia 30 de julho, inclusive".
Os valores, porém, não vão ser revelados hoje. Segundo um comunicado enviado pela DGS às redações, os boletins atualizados "serão publicados amanhã juntamente com o boletim do dia".
A ministra prometeu ainda que serão atualizados os dados relativos a casos de infeção relativos "à distribuição por grupo etário", uma "informação que tem estado omissa por esta circunstância".
No entanto, a atualização dos dados por concelho, fonte de polémica na última semana, será "apenas regularizada a partir de dia 14 deste mês".
Questionada pelo SAPO24 como é que a DGS analisava os boletins epidemiológicos municipais e os enquadrava nos dados que disponibiliza ao público, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, respondeu que as autoridades os tinham em conta, mesmo que não os disponibilizassem de imediato por questões de segurança.
"O facto de não estarem vertidos no boletim, não quer dizer que nós não tenhamos acesso a eles, que não os comparemos todos os dias com os dados que também que vêm do terreno", garantiu a responsável
“A informação é muito complexa, vem de diferentes fontes” , disse a diretora-geral da Saúde, sendo que tem de ser analisada com os "instrumentos de observação” da DGS antes de ser colocada nos boletins, porque é preciso "fazê-lo com segurança e a fineza suficiente e necessária”.
"Ao dia, durante 24 horas, vão existir sempre diferenças entre o que é o apuramento nacional e o apuramento local", defendeu Graça Freitas, exemplificando que, a nível local, um médico de saúde pública ou o diretor de um centro de saúde “é capaz de ter conhecimento de um caso no momento em que ele ocorre. Esse número, esse caso, ainda não foi vertido nem no SINAVE laboratorial nem no SINAVE médico, portanto há discrepâncias ao dia que não são graves”
"Estamos a dar informação com transparência e com rigor, eu posso garantir-vos que somos um dos melhores países do mundo, porque apesar as fragilidades, melhorámos imenso nestes 4 ou 5 meses nas plataformas de informação que temos", continuou a diretora-geral da Saúde.
"Somos dos países que reportam todos os dias, com transparência, que dizem quando tiveram algum problema e que o vão corrigir rapidamente, que admite as discrepâncias", concluiu,
Portugal tem 161 surtos ativos e o RT subiu para 1
A ministra da Saúde informou também que, segundo os dados da DGS, Portugal têm 161 surtos ativos, dos quais 27 na região Norte, 10 na região Centro, cinco na região do Alentejo e 12 na região do Algarve.
A grande parte dos surtos situam-se na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), 107, sendo este "um número compatível com aquilo que é a incidência da doença" nesse território. "A situação epidemiológica do país permanece marcada pela força dos números de Lisboa e Vale do Tejo em diversas vertentes, concretamente na zona norte da Área Metropolitano de Lisboa (AML) e em 19 freguesias específicas, adiantou a ministra.
No entanto, Marta Temido diz que na região se tem verificado "uma certa constância, com uma ligeira redução em alguns concelhos e freguesias, ou, pelo menos, com alguma alteração da distribuição da incidência entre essas freguesias dos concelhos".
A governante mencionou ainda que, de acordo com os dados da Unidade de Intervenção Epidemiológica do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, o RT — "número médio de casos secundários resultantes de um caso infetado medido em função do tempo" — para os últimos cinco dias analisados, entre 3 e 7 de julho, foi de 1, tendo "subido ligeiramente".
Mais especificamente, o RT é de 1,12 na região do Norte, 1,06 na região do Centro, 0,98 na região de LVT, 0,95 na região do Alentejo e 0,81 na região do Algarve.
“Este valor nacional indica mais uma vez que o número de novos casos a cada geração é aproximadamente constante, o que mostra a necessidade de continuarmos a trabalhar”, disse a ministra.
Marta Temido anunciou ainda que se encontram em desenvolvimento várias ações, desde a "melhoria da informação", mas também "um estado de caso de controlo, focado na identificação dos fatores de risco de transmissão, feito em parceria com duas escolas" e a preparação "de uma aplicação informática de notificação da exposição individual de fatores de contágio".
Portugal realizou cerca de 1,3 milhões de testes desde março
“Portugal permanece o quinto país da União Europeia que mais testes realiza. Essa é uma informação pública. Realizamos, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, desde 1 de março até ontem [quinta-feira] mais de um milhão e 316 mil testes”, disse Marta Temido.
De acordo com a governante, a percentagem de testes realizada em março foi de 6,1%, número que subiu para 26,4% em abril, enquanto em maio se registou na ordem dos 30,2% e em junho nos 26,8%. No presente mês, com dados atualizados a quinta-feira, a percentagem é de 8,5%.
“Isto significa que já foram realizados 111 mil testes só em julho até ontem [quinta-feira]. No mês de abril foi feita uma média [diária] de 11.500 testes, em maio a média foi de 13.000 testes, em junho foi de 11.700 testes e em julho está de 13.700 testes. E há muitas entidades empregadoras e autarquias que estão a realizar rastreios de grande amplitude”, referiu Marta Temido.
A ministra da Saúde garantiu que Portugal está a seguir “uma estratégia de testes a indivíduos sintomáticos e de rastreio a indivíduos assintomáticos intensiva e alargada” e frisou, ainda, a “participação de vários setores da atividade.
“Isto é algo que não pretendemos abdicar em nome da identificação precoce de casos”, completou.
Marta Temido também garantiu que Portugal “não tem problemas na capacidade da realização de testes”, dando exemplos que, disse, “mostram bem a sua capacidade” e assegurando que a tutela, a Direção-Geral da Saúde e o Serviço Nacional de Saúde “já estão a trabalhar na “a confluência provável” de um “convívio entre os vírus tradicionais” e o novo coronavírus “não antes do outono/inverno”.
“Tivemos a decorrer operações de testes em estabelecimentos prisionais como a grupos específicos de profissionais, como corpos de bombeiros, mas também no aeroporto de Lisboa ao longo da última semana. Isso mostra que há capacidade. O que não nos podemos esquecer é que ainda não temos vacina, bem tratamento eficaz”, disse a governante.
Marta Temido aproveitou também para recordar que o programa de estabilização económico-social tem uma verba especifica para o reforço da capacidade laboratorial.
Um metro é distanciamento “mínimo” entre alunos no próximo ano letivo
Confrontada com preocupações e dúvidas de entidades ligadas ao setor da educação que questionavam a informação recente dada pelo Ministério da Educação de que o número de alunos por turma não será reduzido no novo ano letivo, a diretora-geral da Saúde frisou hoje que ao distanciamento “mínimo de um metro” entre alunos, nas salas de aulas no arranque do novo ano letivo, somar-se-ão “outros métodos barreira” como forma de prevenção de infeções pelo novo coronavírus.
“O que estamos a fazer, e também de acordo com orientações internacionais, é conjugar uma série de regras que levem à maximização de distanciamento social e da proteção entre os alunos, docentes e comunidade escolar. Um metro é a distância mínima e somam-se outros métodos barreira como as máscaras, a disposição das carteiras nas salas”, referiu Graça Freitas.
“É do cumprimento dessas regras e do comportamento das pessoas nas salas de aula que resulta o máximo de segurança nas salas de aula e no próximo ano letivo”, resumiu Graça Freitas.
Também sobre esta questão e na mesma conferência de imprensa, a ministra da Saúde, Marta Temido, apontou, sobre a distância a cumprir entre alunos, que “as orientações conjuntas e os manuais que foram produzidos” referem a expressão ‘de preferência’.
“Ou seja, há a perceção de que há esse distanciamento físico o mais vasto possível, mas que em circunstâncias em que esse distanciamento físico não seja possível e seja compatível com a utilização de outros métodos barreira, isso poderá ser equacionado”, disse Marta Temido.
A 24 de junho a Assembleia da República rejeitou o projeto de lei dos bloquistas para reduzir o número de alunos por turma devido à pandemia de covid-19, tendo votado a favor apenas BE, PCP, PAN e PEV.
No dia 3 de julho, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, anunciou, em conferência de imprensa, algumas das medidas excecionais, devido à pandemia de covid-19, que vão estar em vigor no próximo ano letivo, nomeadamente que os alunos vão ter mais dias de aulas e menos dias de férias e confirmou que o regresso às escolas será presencial.
Epidemia já provocou 628 mortos em utentes de lares
A ministra da Saúde, Marta Temido, disse hoje que a epidemia de covid-19 já provocou 628 mortes em utentes que viviam em lares em Portugal.
“Os óbitos acumulados por covid-19 em lares [são] 628 dos 1.646 que hoje estão registados no boletim [epidemiológico diário]”, precisou Marta Temido.
A ministra da Saúde acrescentou que a região Norte é a que regista mais óbitos em utentes que estavam institucionalizados, correspondendo a 296 pessoas do total.
Segue-se a zona de Lisboa e Vale do Tejo com 168 e o Centro a registar 143 mortes de utentes de residências para idosos.
O Alentejo regista 16 mortes nestas circunstâncias e o Algarve cinco, podendo o óbito ter sido registado no lar ou não, mas estando em causa idosos institucionalizados.
Confrontada com preocupações e queixas de entidades ligadas ao setor, nomeadamente com as declarações do presidente da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, Manuel Carrageta, que em entrevista à TSF referiu que a estratégia de combate à covid-19 foi errada desde o primeiro momento e que por isso vão continuar a surgir novos surtos, Marta Temido falou do que tem sido feito e de planos que quer o Ministério da Saúde, quer o do Trabalho e Segurança Social têm em marcha.
“A situação das estruturas residenciais para idosos mostra que a incidência de óbitos, a letalidade nestas estruturas é elevada para aquilo que foram os óbitos que aconteceram no país, naturalmente, mas é um padrão que é europeu”, referiu.
A governante acrescentou que “tem-se constatado que em algumas estruturas, como por exemplo as estruturas da rede nacional de cuidados integrados, que não são especificas para pessoas idosas, a letalidade é muito baixa” e sublinhou a atenção à situação nos lares.
“Podemos baixar a guarda? Não, não podemos. De resto a intervenção nestas estruturas tem várias fontes de risco. A primeira são as pessoas que vem de fora, profissionais maioritariamente por isso o Ministério da Saúde e o Ministério do Trabalho e da Segurança Social têm tido um trabalho muito intenso de formação nestas estruturas e distribuição de equipamentos de proteção individual em fases em que essas estruturas ainda não tinham a preparação adequada”, descreveu.
Marta Temido frisou que “as unidades de saúde pública estão muito atentas” à “vulnerabilidade” dos lares, disse que “as situações de surtos estão monitorizados” e adiantou que está a decorrer um levantamento sobre as estruturas residenciais com maior nível de risco, nomeadamente pelo pluriemprego dos colaboradores, elevado número de utentes ou falta de espaço e que essas serão alvo da realização periódica de rastreios.
Orientações para grávidas inalteradas apesar de indícios de transmissão vertical
Questionada sobre um estudo divulgado na quinta-feira, e feito pela Universidade de Milão, que refere que mães infetadas com o novo coronavírus que provoca a doença covid-19 podem transmitir o vírus aos seus filhos ainda não nascidos, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse hoje que as orientações para as grávidas se vão manter inalteradas.
“Este conhecimento não altera em nada as recomendações que estão em vigor, disse Graça Freitas, observando que a orientação da Direção-Geral da Saúde sobre o seguimento de grávidas já previa que no acompanhamento do parto haver a possibilidade de transmissão vertical.
“Relativamente a este estudo que indicia que pode haver transmissão vertical, ou seja de mãe para filho – já existiam outros estudos que iam nesse sentido, não é definitiva esta informação – e indica que sim, poderá haver passagem transplacentária de mãe para filho”, disse Graça Freitas.
Segundo os investigadores que realizaram o estudo, citados pela agência noticiosa francesa AFP, “embora tenha havido apenas casos isolados de bebés infetados com o novo coronavírus, esses resultados demonstram o vínculo mais forte até hoje na transmissão de mãe para filho”.
A AFP relata que os investigadores estudaram 31 mulheres grávidas hospitalizadas com covid-19 e encontraram o vírus SARS-Cov-2 em placentas, no cordão umbilical, na vagina e no leite materno.
Os cientistas também identificaram anticorpos específicos da covid-19 em cordões umbilicais de várias mulheres, bem como em amostras de leite.
Claudio Fenizia, da Universidade de Milão e principal autor do estudo, disse à AFP que os resultados "sugerem fortemente" que a transmissão no útero é possível.
"Dada a quantidade de pessoas infetadas em todo o mundo, o número de mulheres que podem ser afetadas por esse fenómeno pode ser potencialmente muito alto", adiantou.
Nenhum dos bebés nascidos durante o período do estudo contraiu covid-19, disse, admitindo que, "embora a transmissão no útero pareça possível, é muito cedo para avaliar claramente o risco e as possíveis consequências".
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no mês passado que as mães infetadas com o novo coronavírus devem continuar a amamentar.
"Sabemos que as crianças correm um risco relativamente baixo para a covid-19, mas correm alto risco para muitas outras doenças e condições que a amamentação impede", disse na altura o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Entre outras descobertas, os investigadores identificaram uma resposta inflamatória específica desencadeada pela covid-19 no plasma sanguíneo da placenta e do cordão umbilical das mulheres estudadas, todas no terceiro trimestre de gravidez. Claudio Fenizia adiantou que mais estudos estão em andamento entre as mulheres com covid-19 que estão em estágios iniciais da gravidez.
"O nosso estudo tem como objetivo aumentar a consciencialização e convidar a comunidade científica a considerar a gravidez em mulheres com covid-19 como um assunto urgente para caracterizar e analisar ainda mais", declarou Claudio Fenizia, sublinhando que “promover a prevenção é o conselho mais seguro que se pode dar a esses pacientes no momento".
DGS “nem de perto nem de longe” recomenda reabertura de parques infantis
“Pela sua natureza estes parques são habitualmente não vigiados, são públicos e de utilização pública, têm equipamentos, mas não têm um concessionário responsável que permita a desinfeção regular e a limpeza. E também por serem crianças, muitas vezes não se consegue manter a distância social. Não consideramos prioritário, nem de longe, nem de perto, a abertura de parques infantis porque as crianças têm todo o ar livre para brincar”, disse Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde considerou que estes não são equipamentos de “abertura prioritária porque encerram riscos” e voltou a sublinhar a ideia de que as crianças devem ter os seus momentos de lazer no modelo de “bolha familiar”, ou seja, por agregados.
“Aconselhamos que as brincadeiras ocorram ao ar livre com bolhas familiares, ou seja, crianças do mesmo agregado familiar, sem cruzamento de risco com crianças de outros agregados familiares. Isto também se aplica às festas de família e jantares e almoços. Vimos de casas diferentes, com riscos diferentes e realidades diferentes”, disse.
Já questionada sobre a reabertura de pavilhões, nomeadamente para a prática de desportos de várias modalidades, Graças Freitas remeteu conclusões para depois de uma reunião que junta hoje especialistas, federações e o Instituto Português do Desporto e da Juventude.
“Vamos esperar para ver se há conclusões que permitam ver se há condições para que essas atividades retomem”, disse.
Numa sessão na qual a ministra da Saúde, Marta Temido, deu dados sobre novos surtos do novo coronavírus, apontando-os por região, com incidência para Lisboa e Vale do Tejo, a governante foi questionada sobre o facto de outras regiões do mundo, nomeadamente a Catalunha, em Espanha, estar a obrigar ao uso de máscara na rua como método barreira.
“Tivemos muitos momentos de discussão sobre o tema das máscaras enquanto método barreira, mas não barreira definitiva, mas barreira complementar. Todos nós nos habituamos a utilizar a máscara nos momentos em que temos de o fazer. Há um conjunto de espaços onde em Portugal é obrigatório o uso de máscara e a não utilização faz incorrer os incumpridores numa coima e a impossibilidade de entrar em determinados espaços – comerciais e serviços – sem estar sem a máscara”, disse Marta Temido.
A governante referiu, ainda, que “neste momento” não é sentida a necessidade de adoção de outras medidas, embora, sublinhou, “obviamente [em causa estejam] temas com grande evolução e estão em aberto”.
O estudo foi divulgado na 23.ª Conferência Internacional da Sida, realizada esta semana, pela primeira vez na Internet devido à pandemia da covid-19.
Portugal contabiliza pelo menos 1.646 mortos associados à covid-19 em 45.679 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A pandemia de covid-19 já provocou 555 mil mortos e infetou mais de 12,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
[Notícia atualizada às 00:01 de 11 de julho]
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