“Está a ser estudado, a meu pedido, pela Direção-Geral da Saúde e pelo Infarmed, se podemos alargar este período por duas semanas, de forma a conseguirmos antecipar a vacinação a cerca de 200 mil pessoas. É muito importante pelos 70% da proteção que pode dar. Reforçar a vacinação uma ou duas semanas mais tarde praticamente não vai fazer grande variação no processo de defesa da pessoa que já foi vacinada com a primeira dose”, admitiu o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
Em declarações no âmbito de uma audição na Comissão da Saúde, na Assembleia da República, Henrique Gouveia e Melo sublinhou que “deve ser privilegiada a antecipação da vacinação por diversos motivos”, entre os quais a meta da União Europeia de ter 80% da população com mais de 80 anos vacinada até ao fim do primeiro trimestre.
“E porque é um princípio bom: 70% de proteção é melhor do que 0% de proteção para 200 mil pessoas durante um período alargado”, reiterou, assumindo a incerteza atual na concretização deste objetivo: “É uma preocupação, não tenho a certeza de que vamos conseguir atingir o objetivo face ao número de vacinas que temos”.
Paralelamente, Henrique Gouveia e Melo enfatizou o “constrangimento difícil” da limitação na administração da vacina da Astrazeneca a pessoas com mais de 65 anos, salientando ter concentrado “todo o esforço e mais de 90% de todas as vacinas” disponíveis nas faixas etárias mais idosas em nome do objetivo de salvar vidas.
De acordo com o coordenador do plano de vacinação, a última previsão da chegada de vacinas a Portugal, fornecida pelo Infarmed em 19 de fevereiro, apontava para 2,5 milhões no primeiro trimestre, nove milhões no segundo trimestre, 14,8 milhões no terceiro e, finalmente, 9,5 milhões no quarto trimestre.
“Se esta previsão se concretizar - e é um ‘se’ muito grande -, a imunidade de grupo (os 70% de vacinação com doses iniciadas, não o processo completo) é atingida, em princípio, no início de agosto, de acordo com os nossos cálculos, não havendo limitações na administração das vacinas”, ressalvou.
O coordenador da ‘taskforce’ revelou também já ter solicitado às Administrações Regionais de Saúde “metodologias para levar as vacinas às pessoas” idosas que se encontram isoladas ou acamadas, alertando que a vacinação contra a covid-19 “não é só um processo de quantidade, também tem de ser um processo de qualidade”.
Coordenador da 'task force' aberto a novo plano de vacinação
O coordenador da ‘task force’ responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19 manifestou hoje a sua abertura para a elaboração de um novo plano, fruto das alterações na disponibilidade de vacinas ao longo dos próximos meses.
“Temos de estar abertos a que se tenha de fazer um novo plano, porque o dinamismo da situação a isso obriga. Tenho a abertura para isso, mas também não podemos fazer permanentemente um novo plano quando muda a disponibilidade de vacinas. Tem de ser um plano dinâmico e adaptativo à mudança”, afirmou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, numa audição na Comissão de Saúde, na Assembleia da República.
Em resposta às questões dos deputados, o responsável pelo processo de vacinação – que assumiu funções no início de fevereiro, depois de substituir Francisco Ramos no cargo – assumiu ainda estar mais concentrado na concretização dos objetivos – “salvar vidas, ganhar resiliência na resposta do Estado e libertar a economia e a sociedade” – do que nas diferentes fases concebidas para o plano.
“Olho mais para os objetivos do que para as fases. A gestão do plano deve olhar para tentar atingir os objetivos mais importantes primeiro, daí a concentração de esforços neste momento em salvar vidas”, notou, em alusão à atual concentração das vacinas disponíveis na população nacional com mais de 80 anos.
Contudo, Henrique Gouveia e Melo fez questão de assegurar a existência de uma relação positiva com a Direção-Geral da Saúde e a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) para o processo de vacinação.
“Andam a fazer o trabalho em pressão. Não estou a sentir da parte deles nenhuma resistência. Claro que, enquanto militar, estou a criar uma grande pressão para as respostas serem rápidas, mas a resposta tem sido objetiva”, frisou, acrescentando: “Se as prioridades não estiverem bem definidas, temos um problema de prioridades. Temos de ser permanentemente eficazes e flexíveis”.
[Notícia atualizada às 13h33]
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