Além de alemães e portugueses, nos voos seguem igualmente turistas de outros países da União Europeia (UE), numa operação de repatriamento organizada pela Alemanha para os seus cidadãos retidos na África do Sul, país em que foi decretado um confinamento de 21 dias, adiantou Martin Schäfer em declarações hoje ao canal público SABC.

"Temos nacionais de todos os Estados-membros da União Europeia a bordo. Há pessoas da Lituânia, Grécia, Espanha, Portugal, de toda a Europa, que terão dificuldades à chegada a Frankfurt e Munique, porque terão de encontrar meios e formas para chegarem depois a casa, mas julgo que será melhor para eles estarem mais próximo de casa", declarou Schäfer.

O diplomata não especificou o número de nacionais de cada Estado-membro, além dos alemães, a bordo dos voos de repatriamento da África do Sul com destino à Alemanha.

Cerca de 300 passageiros partiram do aeroporto internacional OR Tambo, em Joanesburgo, e mais 300 da Cidade do Cabo, referiu Martin Schäfer.

Segundo o diplomata, o Governo alemão estima repatriar mais de 5.000 turistas alemães retidos na África do Sul devido ao encerramento de fronteiras e do espaço aéreo comercial decretado pelas autoridades sul-africanas há uma semana, para conter a propagação da pandemia do novo coronavírus no país.

A operação de repatriamento divide-se em duas componentes distintas, disse na sexta-feira à Lusa o porta-voz da Delegação da União Europeia (UE) na África do Sul, Frank Oberholzer.

"Em primeiro lugar, temos o programa de ação da Embaixada da Alemanha com o Governo da África do Sul para repatriar os seus cidadãos nacionais e contratar os aviões necessários da South African Airways (SAA) para esse objetivo", salientou.

"Em segundo lugar, a coordenação da Delegação da UE de passageiros de outros Estados-membros da UE que podem ser acomodados nos voos ‘charter' negociados pela embaixada alemã", adiantou Frank Oberholzer.

O porta-voz da Delegação da UE sublinhou que a situação no terreno é "extremamente dinâmica e altera-se a cada minuto", para poder "providenciar detalhes sobre os europeus a repatriar", remetendo para as respetivas representações diplomáticas dos Estados-membros da UE esclarecimentos nesse sentido.

Contactado pela Lusa, o embaixador de Portugal na África do Sul, Manuel Carvalho, remeteu, por seu turno, para a assessoria de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros português, em Lisboa, todos os pedidos de informação sobre a situação de repatriamento de portugueses retidos na África do Sul.

Por seu lado, o cônsul-geral em Joanesburgo disse que não está autorizado a prestar declarações à imprensa.

Na semana passada a Lusa noticiou que o consulado-geral de Portugal em Joanesburgo tem conhecimento de cerca de 40 pessoas que querem ser repatriadas da África do Sul devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Todavia, a Delegação da União Europeia na África do Sul adiantou que "todos os viajantes de Estados-membros da União Europeia são elegíveis para repatriamento".

Questionado pela Lusa se a UE vai assumir o custo do repatriamento dos restantes cidadãos europeus em voos contratados pelo Governo alemão, Frank Oberholzer escusou-se a comentar.

"Não é possível comentar", referiu.

Na quinta-feira, o porta-voz da SAA, Tlali Tlali, disse que "o custo destas operações [voos fretados à companhia aérea sul-africana] está a cargo dos requerentes que representam os respetivos governos".

A doença covid-19 causou na sexta-feira quatro mortos na África do Sul, aumentando para nove o número total de vítimas mortais no país, e para 1.505 os casos de infeção confirmados, anunciaram as autoridades da Saúde.

A província de Gauteng, que inclui Joanesburgo, é o epicentro da epidemia, com 672 casos positivos declarados.

A província do KwaZulu-Natal, cuja capital é Durban, onde um grupo de 13 técnicos navais portugueses se encontra retido desde 26 de março, a aguardar repatriação, regista 215 casos positivos da covid-19, segundo as autoridades.