Em resposta à agência Lusa, por escrito, a Gavi – presidida pelo português José Manuel Durão Barroso e que, juntamente com a Organização Mundial de Saúde e a CEPI (Coalition for Epidemic Preparedness Innovations), lidera a Covax, mecanismo de aquisição e posterior distribuição de vacinas contra a covid-19 aos países mais desfavorecidos – informa que prevê agora ter “1,9 mil milhões de doses disponíveis para fornecimento até o final de 2021”.
Quando a Lusa entrevistou Durão Barroso, em março, a previsão da Covax (Acesso Global às Vacinas da Covid-19) era distribuir 2,3 mil milhões de vacinas até ao fim do ano - mais 400 milhões do que a meta agora traçada.
Qualquer que seja o objetivo, os números da distribuição estão ainda muito longe de o alcançar.
Se tivermos em conta os dados que constam na página da Gavi (atualizados a 29 de julho), foram distribuídos 153,6 milhões de vacinas – o que representa 8% das 1,9 mil milhões de doses agora previstas até final do ano.
Em resposta à Lusa, a Gavi garante que o número de distribuição já é mais elevado, remetendo para a contagem da UNICEF Market Dashboard, que indica que “a Covax já distribuiu mais de 195 milhões de doses de vacinas para 138 países”.
Ainda assim, esses 195 milhões representam quase 10% das 1,9 mil milhões de doses agora previstas até final do ano.
Sem afirmar claramente que será possível atingir as metas propostas, a Gavi salienta que o número de distribuição “está a aumentar diariamente”, bem como a oferta de vacinas.
“As operações serão rapidamente expandidas nas próximas semanas, quando grandes volumes de vacinas estarão disponíveis”, estima.
Atingir os “1,9 mil milhões de doses disponíveis para fornecimento até o final de 2021” depende da “capacidade de acesso” da Covax, mas também “é essencial que os fabricantes e os governos não admitam mais atrasos neste processo”, salienta a aliança global.
“O maior desafio é o abastecimento, que tem como causas as limitações da capacidade de fabricação global, controles de exportação de vacinas e de matérias-primas, bem como acordos bilaterais, entre outros”, justifica.
Face a isto, adianta a aliança, “a Covax está a trabalhar numa série de soluções”, buscando “maneiras de expandir a capacidade de fabricação existente em várias partes do mundo, com vista a triplicar, ou mesmo quadruplicar, a produção anual habitual de vacinas do mundo - que é de 3 a 5 mil milhões de doses”.
A Gavi lembra que “a corrida inicial dos países mais ricos pela compra de vacinas gerou uma iniquidade no abastecimento global” e que “a interrupção das exportações, como no caso da Índia, por exemplo, cortou parte importante do fornecimento de vacinas”.
Por outro lado, a Gavi está a tentar “diversificar o portefólio”, de forma a “permitir o acesso a maiores volumes e assim diminuir riscos”.
Neste momento, a Covax conta com 11 vacinas disponíveis, “após acordos recentes com Novavax, Moderna, J&J, Clover, Sinovac e Sinopharm”, e está a estudar “outras candidatas”.
A Covax distribui as vacinas apenas depois de “terem recebido uma licença para uso emergencial, uma pré-qualificação ou aprovação por parte de uma autoridade reguladora reconhecida”.
A Gavi recorda ainda que “muitos dos países com excesso de oferta se comprometeram a doar vacinas para a Covax”, totalizando “promessas de 610 milhões de doses” para os países mais desfavorecidos.
“É crucial para a resposta global contra a covid-19 que os países e os fabricantes de vacinas colaborem no sentido de fornecer à Covax as doses de que necessita”, vinca.
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