“Esse impacto dos óbitos, vamos conseguir reduzir com dois pontos principais. Primeiro com campanhas de distanciamento social próprias, que permitam diminuir a circulação do vírus. E segundo com uma melhoria na capacidade assistencial dos nossos serviços hospitalares”, disse o novo governante em conferência de imprensa, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Quarto ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, o cardiologista de 55 anos foi nomeado para o cargo na segunda-feira, em substituição de Eduardo Pazuello, general sem experiência na área médica.

Queiroga garantiu que terá “autonomia” necessária para “fazer ajustes” na gestão da crise de saúde, que atinge agora o seu momento mais alto no país sul-americano.

A gestão do atual Governo perante a pandemia tem sido fortemente criticada por especialistas em saúde pública do Brasil, país que é o segundo em todo o mundo com mais mortes devido à covid-19.

O Brasil alcançou na terça-feira um novo recorde de óbitos, após ter ultrapassado, pela primeira, a barreiras das 2.800 mortes diárias (2.841), segundo dados do Ministério da Saúde brasileiro.

No total, o Brasil concentra 282.127 vítimas mortais desde o início da pandemia e 11.603.535 diagnósticos de covid-19.

Uma sondagem divulgada hoje pelo Instituto Datafolha mostra que 43% dos brasileiros acreditam que Jair Bolsonaro é “o principal responsável” pelo agravamento da situação de saúde no país.

“A situação no Brasil deve servir de alerta. Para manter o vírus sob controlo, é necessária a atenção contínua das autoridades de saúde pública e de todas as lideranças”, afirmou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne.

O ministro Queiroga defendeu a “união de todos os brasileiros” e pediu mais esforços da população no combate à pandemia.

“Não adianta recomendar o uso de máscara se as pessoas não respeitarem um gesto tão simples. Recomendamos também evitar todos os encontros desnecessários, mas alguns continuam a festejar nos fins de semana”, apontou.

O ministro prometeu ouvir as autoridades sanitárias de cada estado e município para “encontrar as soluções de que o Brasil precisa, através do diálogo e da ciência”.

Palavras muito distantes do discurso de Bolsonaro, que continua a provocar aglomerações sem usar máscara e nunca deixou de questionar as medidas restritivas tomadas por prefeitos ou governadores.

Pressionado por aliados políticos no parlamento, o chefe de Estado moderou, entretanto, o seu discurso nos últimos dias, reconhecendo a importância da vacinação, que avança lentamente no Brasil devido à falta de antecipação nas encomendas de doses e atrasos nas entregas.

O novo ministro da Saúde foi hoje ao Rio de Janeiro para participar da cerimónia de entrega das primeiras 500 mil doses da vacina AstraZeneca produzida localmente pelo instituto Fiocruz.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.671.720 mortos no mundo, resultantes de mais de 120,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.