Em comunicado, a AEP considera que as medidas de apoio à economia e ao emprego anunciadas para fazer face à crise gerada pelo novo coronavírus “pecam por serem insuficientes e pouco claras na sua aplicação”, sustentando que “a situação de emergência que vive a economia e as empresas, com vista a evitar-se o colapso de todo o sistema, obriga a medidas mais ambiciosas, claras e de aplicação imediata”.
Embora considere que “as linhas de crédito com garantia, as moratórias dos créditos e a flexibilização das obrigações fiscais e contributivas são medidas positivas, que atuam em áreas muito importantes, com impacto na tesouraria das empresas e na sua própria sobrevivência”, a associação entende que “a magnitude do conjunto destas medidas está ainda muito longe de alcançar as reais necessidades do tecido empresarial” e de conseguir “minimizar a profundidade da recessão da atividade económica, já sentida como certa”.
“O pacote de medidas agora anunciado, no valor de 9,2 mil milhões de euros, equivale a menos de 5% do PIB [produto interno bruto] anual português, muito longe do anunciado pela nossa vizinha Espanha, que ultrapassa os 16% do PIB anual espanhol”, nota.
Sustentando que “uma situação excecional” como a que se está a viver “requer uma atuação excecional, em montante e em celeridade na sua implementação”, a AEP defende que “há que fazer mais, muito mais e com efeito imediato”.
“Portugal tem de ter a ambição de conseguir manter a capacidade de criação, atual e futura, de valor. De outro modo, estará comprometido o futuro do nosso país e da nossa sociedade”, remata.
O Governo anunciou hoje um conjunto de linhas de crédito para apoio à tesouraria das empresas no montante total de 3.000 milhões de euros, destinadas aos setores mais atingidos pela pandemia Covid-19, com um período de carência até ao final do ano e que podem ser amortizadas em quatro anos.
Na indústria, em particular têxtil, vestuário, calçado, indústria extrativa e da fileira da madeira, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, anunciou uma linha de 1.300 milhões, sendo 400 milhões de euros destinados a micro e pequenas empresas.
Segundo foi hoje anunciado pelo executivo, as empresas vão ter ainda a acesso a uma moratória, concedida pela banca, no pagamento de capital e juros, e as contribuições para a Segurança Social serão reduzidas a um terço em março, abril e maio, "por forma a preservar o emprego".
Já a linha de crédito de 200 milhões de euros destinada à economia em geral - que já havia sido anunciada na semana passada - será "revista e flexibilizada" nas condições de acesso, nomeadamente deixa de existir a referência a uma queda do volume de negócios em 20%.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram. Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram da doença.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.
Dos casos confirmados, 553 estão a recuperar em casa e 89 estão internados, 20 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
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