"A petição vem organizar aquilo que temos percebido ao longo da semana, que é uma grande revolta" pela suspensão dos voos comerciais "na quadra natalícia", referiu Costa.

Com "muitas pessoas em desespero", a petição serve para conduzir pelas vias adequadas "esse sentimento", com um apelo para que Portugal "tenha em consideração o alívio de restrições que outros países já estão a realizar", depois da primeira reação face à Ómicron, nova variante do vírus da covid-19, que ainda não foi detetada em Moçambique, apesar de identificada na vizinha África do Sul.

Entretanto, Reino Unido e França já anunciaram a retoma de voos com a África Austral e dentro do espaço europeu as restrições também têm sido adequadas.

A petição pretende que Portugal permita a "retoma dos voos regulares com Moçambique e que, de acordo com o que vai acontecendo na Europa e noutros países, que a quarentena [de 14 dias] seja também levantada", em linha com "as regras e o conhecimento científico acerca desta variante", disse Alexandre Costa.

O dirigente da AP recorda o prazo de cerca de duas semanas inicialmente apontado pelas autoridades sanitárias para avaliar o comportamento da variante Ómicron.

"Quero acreditar que o Governo português está a aguardar pelos resultados destas duas semanas, que estão quase a terminar, para, à semelhança de outros países", poder aligeirar as restrições "de forma consensual, mantendo regras como o distanciamento e tudo a que a covid-19 nos obriga", afirmou.

"A exemplo de outros países, queremos que o Governo reveja esta situação e beneficie a tudo e todos, porque a época também assim o solicita: bom senso e paz entre todos", acrescentou Alexandre Costa.

A petição intitulada "Reposição dos voos regulares Maputo-Lisboa-Maputo" está disponível na plataforma Petição Pública na Internet e ao início da tarde na capital moçambicana já tinha sido assinada por mais de 1.450 pessoas.

Alexandre Costa classificou a chegada a Lisboa do primeiro voo da TAP de apoio ao regresso, no sábado, com cerca de 300 pessoas, como uma "situação caótica que envergonha qualquer pessoa", um cenário "revoltante", que espera não se repita hoje.

Está agendada para as 18:00, a chegada a Lisboa do segundo voo oriundo de Maputo, com vista a apoiar portugueses surpreendidos com a suspensão de voos regulares.

Mais de três horas de espera de pé no aeroporto Humberto Delgado, num corredor sem respeito pelas medidas de prevenção da covid-19, falta de informação, pagamento de testes (entre 25 a 135 euros cada) sem aviso prévio, prejuízos com bilhetes e transportes de ligação perdidos foram algumas das queixas ouvidas.

"Não se compreende que face a dois anos de pandemia, 'task force' e uma organização esplêndida para com o mundo que a TAP, a ANA (Aeroportos de Portugal) ou o Governo português permitam uma situação daquelas", concluiu.

A mais recente morte por covid-19 em Moçambique foi registada há uma semana, o país tem um cumulativo desde o início da pandemia de 1.941 óbitos e 151,924 casos, dos quais 98% recuperados da doença e 14 internados.

De acordo com os dados oficiais, estima-se que haja 404 casos ativos no país, sem confirmação de casos da variante Ómicron.