Na terça-feira, o Ministério da Saúde do Brasil tinha anunciou 34 casos confirmados no país. Contudo, no espaço de um dia, o número subiu para 52, sendo que o Governo monitoriza 907 outros casos suspeitos.

Até agora, o país sul-americano já descartou 935 possíveis casos de infeção pelo novo coronavírus.

A seguir a São Paulo, que tem 30 pacientes infetados, surge o estado do Rio de Janeiro, com 13 casos confirmados.

Rio Grande do Sul, Bahia e Distrito Federal têm, cada um, dois casos confirmados, e Alagoas, Minas Gerais e Espírito Santo registam um caso cada um.

Apesar do aumento de casos nas últimas horas, o ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, que esteve hoje na Câmara dos Deputados a explicar as ações tomadas para combater a propagação da Covid-19, garantiu que o Brasil esteve sempre à frente nas medidas de vigilância.

“A nossa vigilância em saúde, até agora, foi a que fez movimentos mais antecipados. Nós, Brasil, questionamos a Organização Mundial de Saúde (OMS) antes de a China reconhecer [a epidemia]. Fizemos todo o protocolo antes. (…) Fomos os primeiros especialistas a falar que isto se trata de uma pandemia”, frisou o governante.

A OMS declarou hoje a doença Covid-19 como pandemia, justificando a decisão com “níveis alarmantes de propagação e inação”.

Para o ministro brasileiro, a organização demorou a reconhecer o cenário.

“Teimaram comigo. Disse que era uma pandemia e, desde a semana passada, o Brasil já trata o assunto como pandemia. Se existe uma transmissão sustentada em tantos países, como vou ficar a procurar país por país, quem veio de onde?”, questionou Mandetta, em declarações à imprensa local.

O ministro afirmou ainda que qualquer cidadão que chegue ao Brasil de outro continente, com sintomas, será considerado “caso suspeito”.

Segundo o governante, o Congresso brasileiro avalia a cedência de 5,1 mil milhões de reais (940 milhões de euros), provenientes de alterações ao orçamento impositivo, para o combate ao novo coronavírus. Orçamento impositivo refere-se à parte do Orçamento Geral do Estado definida pelos parlamentares e que não pode ser alterada pelo poder executivo.

O Ministério da Saúde do Brasil anunciou na terça-feira que pretende contratar cinco mil médicos e reforçar a capacidade de assistência em saúde durante a emergência do novo coronavírus.

Para tentar conter o avanço da Covid-19, a pasta da Saúde anunciou ainda que irá transferir recursos financeiros para os municípios, para que possam aumentar o horário de atendimento nas unidades básicas de saúde.

Na prática, o Governo vai ampliar o programa “Saúde na Hora”, lançado em 2019, que permite às unidades de saúde funcionarem além de 40 horas semanais, chegando até 60 horas, e cujo investimento, este ano, será de 900 milhões de reais (172 milhões de euros).

A pandemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ultrapassou as 124 mil pessoas, com casos registados em 120 países e territórios.

Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto.

A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.