No período de declarações políticas, na Assembleia da República, a deputada Ana Rita Bessa começou por considerar que “nas vacinas contra a covid-19 estão concentradas as esperanças do mundo”, nomeadamente de recuperar a saúde e a economia, e, no geral, a “esperança de voltar ao normal”.
“É por isso crítico que a operação de vacinação seja bem-sucedida, que no dia em que as vacinas chegarem a Portugal, tudo esteja meticulosamente preparado, cuidadosamente antecipado, devidamente acompanhado”, defendeu a centrista.
A deputada do CDS-PP salientou que outros países começaram o planeamento da vacinação há vários meses, como os Estados Unidos da América, Alemanha ou Reino Unido, e que em Portugal apenas em novembro criou uma comissão técnica e uma ‘task force’ para elaborar um plano de vacinação.
“Quando precisávamos de uma estrutura focada, de uma liderança clara, de um processo testado e de uma confiança fundada na preparação demonstrada, temos um emaranhado de decisores, uma complexidade entrópica, um atraso condicionante e muito, muito pouco tempo para provar que seremos capazes”, criticou Ana Rita Bessa.
Comentando também declarações recentes do primeiro-ministro, da ministra da Saúde e da diretora-geral da Saúde, que recusam que Portugal não esteja preparado para esta operação, a deputada do CDS-PP salientou que “este não é o momento das narrativas que querem esconder a impreparação”, mas sim “de exigir responsabilidade”, “antecipar dificuldades” e “preparar o país”.
“Neste momento está entregue nas mãos do governo português a melhor hipótese que temos de voltar à normalidade, uma vacina”, apontou Ana Rita Bessa, frisando que “nenhum português perdoará o Governo se correr mal”.
Falando praticamente à mesma hora para a qual está marcada a apresentação do plano de vacinação contra a covid-19, a deputada centrista colocou 10 questões, para as quais não obteve resposta.
O CDS quis saber quando começará a vacinação, onde serão armazenadas as vacinas, como será feita a distribuição e o transporte, se esta operação terá segurança e qual será o papel dos militares nesta questão, se já foram comprados os materiais necessários para as aplicar, se estão identificadas as pessoas que vão administrar as vacinas e se foi “salvaguardado o desguarnecimento das unidades de saúde”.
A deputada democrata-cristã perguntou igualmente quais serão os grupos alvo em cada fase da vacinação, como será feito o agendamento das tomas das vacinas, se haverá um modelo de monitorização e de acompanhamento clínico, se haverá uma campanha de sensibilização sobre a segurança e eficácia da vacinação e, ainda, quantas pessoas terão que ser vacinadas para se atingir a imunidade de grupo.
Nos pedidos de esclarecimento, os partidos destacaram a importância da vacina para combater a disseminação da pandemia e conter os efeitos na sociedade e na economia.
O PSD apontou que “o histórico recente relativo à vacina da gripe não nos deve deixar tranquilos” e alertou que, no caso da covid-19, “falhar não pode ser opção” para o Governo.
O BE criticou os “elogios à estratégia ‘trumpista’” na intervenção do CDS, bem como que o debate sobre o tema tenha ocorrido sem o plano ser conhecido, e salientou o papel do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na administração das vacinas e a necessidade de reforço dos profissionais.
Também o PCP pediu mais meios para o SNS e recusou que as vacinas sejam aproveitadas como “oportunidade para os privados fazerem negócio”, pedindo também que seja transmitida “informação clara, objetiva e esclarecedora” aos portugueses.
Já o PS salientou a eficácia das medidas implementadas pelo Governo e pediu a Ana Rita Bessa que “confie”, indicando ter um “esperança realista no que fiz respeito à vacinação”.
O deputado único da Iniciativa Liberal defendeu que quanto mais cedo as vacinas sejam disponibilizadas, mais depressa começa a recuperação do país, enquanto o deputado do Chega considerou que as farmácias podem ter um papel em fazer chegar as vacinas às pessoas.
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