Num vídeo enviado aos jornalistas, o líder centrista afirma esperar que “o primeiro-ministro saiba que é com os médicos que tem de vencer esta pandemia e que encare a Ordem como um parceiro e não como um adversário”.

“O Governo deve convocar a Ordem dos Médicos para, juntos e com a devida antecipação, vencerem os enormes desafios de saúde pública que se colocam ao país, numa altura em se deve prevenir uma segunda vaga”, desafia.

Na mensagem, Francisco Rodrigues dos Santos agradece à Ordem dos Médicos “pela forma determinada como tem defendido os doentes e os médicos, mas, sobretudo, pela postura corajosa como se tem batido pela verdade e pela liberdade”.

“O CDS espera da Ordem dos Médicos que saiba sempre rejeitar ‘leis da rolha’ e que não se cale quando estiver em causa a denúncia de situações em que houve desrespeito de boas práticas no tratamento dos doentes”, vinca o presidente democrata-cristão.

Rodrigues dos Santos considera ainda que, “quando o Estado falhou nos seus deveres de fiscalização, a Ordem dos Médicos não falhou na defesa da saúde dos doentes”.

O CDS pede ainda que “o combate à covid não seja feito à custa dos doentes não covid” e apela ao Governo e aos médicos que “conjuguem esforços” em torno da “criação de um plano urgente de redução das listas de espera, da retoma das consultas presenciais de cuidados de saúde primários e da realização de novos exames de diagnóstico de cancro”.

Francisco Rodrigues dos Santos propõe ainda a elaboração de um “plano de apoio aos idosos que os proteja da covid-19, seja os que estão nos lares ou aqueles que vivem sozinhos”.

O primeiro-ministro e o bastonário da Ordem dos Médicos estiveram hoje reunidos durante quase três horas, a pedido de Miguel Guimarães, na sequência da divulgação de um pequeno vídeo que circula nas redes sociais e que mostra António Costa (PS) numa conversa privada com jornalistas alegadamente chamando “cobardes” aos médicos envolvidos no caso do surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz, que matou 18 pessoas.

Na segunda-feira, a Ordem dos Médicos considerou ofensivas estas declarações do primeiro-ministro. Hoje, no final da reunião, Miguel Guimarães mostrou-se satisfeito com a mensagem de “respeito e confiança” do primeiro-ministro nos profissionais.

Também em declarações aos jornalistas depois do encontro, António Costa considerou que ficaram esclarecidos os "mal-entendidos" com a Ordem dos Médicos e agradeceu “a oportunidade e a franqueza desta conversa”.

“Temos de trabalhar mais em equipa para garantir a todos os cidadãos, seja os que residem nas suas casas, sejam os que residem nos lares ou em outro espaço, os melhores cuidados possíveis e, para isso, nenhum de nós será pouco”, frisou o chefe de Governo.