Num requerimento enviado a António Costa, após ser conhecida a notícia da nomeação novo conselho de administração da entidade que gere a linha SNS24, os deputados Telmo Correia e Ana Rita Bessa colocam duas questões.

"Está V. Exa. em condições de assegurar que com a mudança de responsável a Linha SNS24 passará a funcionar cabalmente? Considera V. Exa. que não podem ser mudados 'generais a meio da batalha', mas que podem ser demitidos 'coronéis'?", são as duas perguntas dirigidas a António Costa.

A referência aos coronéis tem que ver com o responsável da SNS24 agora afastado e aos generais com a frase proferida pelo primeiro-ministro na quarta-feira, no debate quinzenal no parlamento, ao rejeitar o afastamento da diretora-geral de Saúde, Graça Freitas: "não se mudam generais a meio da batalha".

O jornal Público avançou na sua edição de hoje que 25% das chamadas feitas para aquela linha não tiveram resposta no “pico da procura”.

O Governo nomeou hoje um novo conselho de administração para os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), entidade responsável pela Linha SNS 24, apanhando de surpresa o atual presidente, Henrique Martins.

Em declarações à agência Lusa, Henrique Martins disse não compreender esta decisão, uma vez que a entidade estava a cumprir os objetivos estabelecidos por contrato e já tinha manifestado disponibilidade para continuar no cargo.

Contactado pela Lusa, o Ministério da Saúde afirmou que “o Conselho de Administração da Serviços Partilhados do Ministério da Saúde terminou o mandato a 31 de dezembro de 2019” e, “tal como em outras entidades, o processo de nomeação de novo órgão de gestão decorreu desde então”.

Os ministérios das Finanças e da Saúde submeteram à CRESAP e nomearam o novo conselho de administração, constituído por Luís Goes Pinheiro (presidente), Sandra Cavaca e Domingos Pereira (vogais).

Questionado pela Lusa se a não recondução no cargo se deveu aos constrangimentos da Linha SNS 24 relacionados com o surto pelo novo coronavírus, Henrique Martins, afirmou que não.

“O contrato que nós temos com o operador, que é a Altice, tem um limite máximo que são as 10 mil chamadas e isso foi atingido. Portanto, nós gerimos bem o contrato. O que acontece é que temos um excesso de chamadas causado por esta situação, que é uma situação completamente atípica”, sublinhou.

O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou cerca de 3.300 mortos e infetou mais de 95 mil pessoas em 79 países, incluindo nove em Portugal.

Das pessoas infetadas, mais de 50 mil recuperaram.

Além de 3.012 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas, San Marino, Iraque, Suíça e Espanha.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.

Em Portugal, o Governo já publicou um despacho para garantir que os trabalhadores em quarentena por determinação de autoridade de saúde devido ao surto de Covid-19 vão receber integralmente o rendimento nos primeiros 14 dias, num regime “equiparado a doença com internamento hospitalar”.