Desde novembro de 2019 envolvidos num braço de ferro com os donos da cervejaria depois de, casualmente, se terem apercebido, e evitado o encerramento compulsivo da cervejaria, os 33 funcionários daquela empresa de restauração do Porto estão também a sofrer os efeitos do surto do novo coronavírus.
Enclausurados numa questão jurídica que impede, devido às dívidas ao Estado acumuladas pela administração, a Cervejaria Galiza de "concorrer a linhas de crédito e de ir para o lay-off", como disse hoje à Lusa António Ferreira, resta aos trabalhadores "pedir a carta para o Fundo de Desemprego", situação que "continuam a recusar, preferindo manter os postos de trabalho".
Enquanto esperam que a administração avance com o "pedido de insolvência controlada" e já depois de terem de lidar com as implicações do surto que "reduziu a faturação média diária de 3.500 euros para os 500 euros" os trabalhadores mostraram resiliência perante a nova legislação agregada à declaração de estado de emergência do Presidente da República no início da semana.
Segundo aquele funcionário, que com mais dois colegas assumiu em novembro a gestão daquele espaço comercial, a solução, agora, "passa por transformar a cervejaria num take away", figurando desde quinta-feira essa informação nos vidros do estabelecimento.
"Sob o olhar da polícia que está a controlar a atividade e a quem já provámos que não estamos a servir refeições no interior", relatou à Lusa o funcionário, a nova medida "parece querer começar a pegar" criando-se, assim, o cenário de "garantir, pelo menos, o pagamento dos salários".
O dia de hoje, na nova versão de negócio, trouxe uma "encomenda inédita" e que "começou por gerar desconfiança a quem atendeu o telemóvel" já que do outro lado da linha "chegou um pedido de 20 francesinhas" para uma empresa.
A funcionar em ‘take away', há um problema que a cervejaria mantém, que "é o não acesso à rede multibanco para receber pagamentos", o que obriga ao pagamento em dinheiro a todos os que lá se dirijam, lamentou António Ferreira, o que obriga a uma recomendação "sempre explicada a cada encomenda recebida pelo telefone".
À Lusa, António Ferreira não escondeu a "ansiedade de todos os trabalhadores" que continuam "sem informação de que a administração tenha avançado com a declaração de insolvência", que devia ter sido feita "até 16 de março".
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 1.020, mais 235 do que na quinta-feira.
O número de mortos no país subiu para seis.
Dos casos confirmados, 894 estão a recuperar em casa e 126 estão internados, 26 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
O boletim divulgado pela DGS assinalava 7.732 casos suspeitos até quinta-feira, dos quais 850 aguardavam resultado laboratorial.
Das pessoas infetadas em Portugal, cinco recuperaram.
De acordo com o boletim, há 9.008 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
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