“Decidimos que não podemos realizar grandes concentrações, manifestações ou desfiles para assinalar o Dia do Trabalhador, que são sempre grandes jornadas de luta”, disse a sindicalista à agência Lusa, numa entrevista que será hoje divulgada na íntegra.
A líder da CGTP reconheceu que as ações de massa estão afastadas neste 1.º de Maio devido à necessidade de afastamento social para travar a propagação da covid-19, mas considerou que a atual situação laboral exige que as violações sejam denunciadas na rua.
“A atual situação, como despedimentos, redução dos rendimentos dos trabalhadores e a brutal violação dos direitos nos locais de trabalho, faz com que a CGTP tenha de levar isto para a rua, porque os direitos dos trabalhadores não estão suspensos”, disse.
Por isso, a Intersindical decidiu assinalar publicamente o Dia do Trabalhador em Lisboa e no Porto, e em algumas outras cidades, mas assegurando o cumprimento das regras ditadas pelo combate à pandemia.
Assim, Isabel Camarinha vai cumprir a tradição da central e discursar na alameda Afonso Henriques, na capital, perante uma assistência diminuta de sindicalistas e trabalhadores, que manterão entre si uma distância de quatro ou cinco metros.
A sindicalista foi eleita secretária-geral da CGTP em 15 de fevereiro, no último congresso da Inter, e esta seria a primeira vez que subiria ao grande palco que é normalmente montado junto à Fonte Luminosa, para fazer o discurso de 1.º de Maio perante os milhares de pessoas que costumam encher a alameda.
A tradição não será inteiramente cumprida, porque não subirá a um grande palco cheio de bandeiras sindicais com os restantes dirigentes da central e a assistência será reduzida, mas Isabel Camarinha fará naquele local histórico a sua intervenção político- sindical do dia do Trabalhador.
A intervenção sindical será transmitida digitalmente para que “todos os que não possam estar presentes, possam na mesma assistir”.
“Não vamos ter a alameda cheia de trabalhadores e de famílias, nem vamos ter tasquinhas com petiscos, mas os que lá estiverem vão representar os que não podem estar e vamos ter muitas iniciativas digitais, com um vasto programa e vídeos para chegar a todos”, afirmou Isabel Camarinha.
Em entrevista à agência Lusa, a sindicalista disse ainda que estará presente nas comemorações do 25 de Abril, no sábado, na Assembleia da República.
“Estamos a assistir a uma estranha campanha de ajuste de contas com o 25 de Abril. Eu estarei presente da Assembleia da República porque acho que não faria sentido que a data não fosse comemorada no parlamento”, afirmou, a propósito da polémica em torno da cerimónia comemorativa em época de confinamento.
Dado que não se vai realizar o habitual desfile na avenida da Liberdade, em Lisboa, para lembrar a revolução dos cravos, a CGTP vai ter, ao início da tarde, os seus principais dirigentes nas janelas da sua sede nacional, em Lisboa, para cantar a Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso, e o hino nacional, a Portuguesa.
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