“Tenho [sensibilizado] e acho que finalmente começou a ser percebido em algumas chancelarias qual é a grande disparidade da situação em Portugal. Nós temos hoje um país onde praticamente a situação está com baixíssimos números e depois temos 19 freguesias, em mais de 3.000, onde há um número de novos casos muito significativo”, afirmou, durante uma deslocação a Haia, durante a qual também abordou o tema com o seu homólogo holandês, Mark Rutte, no quadro dos esforços para fazer passar essa mensagem, que disse acreditar estar a passar.
António Costa apontou que “a Bélgica, por exemplo, ontem [domingo] percebeu isso e já fez uma diferenciação muito clara de Lisboa relativamente ao resto do país; a Holanda, que tinha colocado Porto juntamente com Lisboa, já retirou Porto”, e revelou que hoje mesmo teve uma conversa telefónica com o seu homólogo irlandês, com a mesma preocupação de explicar a situação dos números da covid-19 e a necessária diferenciação.
“Procurei sensibilizá-lo também para essa diferenciação e que, designadamente, zonas que são destinos turísticos tradicionais dos irlandeses, como o Algarve e como a Madeira, estão numa situação claramente distinta destas 19 freguesias”, referiu.
Segundo António Costa, “esta mensagem é importante, porque as pessoas veem os números globais por país e depois muitas vezes não têm noção da situação”.
Sobre a decisão de hoje das autoridades belgas de colocarem Alentejo e Algarve sob alerta laranja, António Costa desvalorizou a questão, considerando que “uma mera recomendação de que se vá ao médico” não é “um grande desincentivo” a que as pessoas viajem para essas regiões, e observou que a Bélgica até “teve o cuidado de descrever no quadrozinho que publicou o nome das 19 freguesias que estão sob alerta vermelho.
Por outro lado, o primeiro-ministro português notou que, nas semanas de referência tidas em conta, “o Algarve e o Alentejo foram hiperinflacionados por dois fenómenos absolutamente atípicos: a festa de Odiáxere”, que disse esperar “que não se repita em mais nenhum sítio do Algarve, e a situação no lar de Reguengos de Monsaraz”, duas situações que se traduziram num “número anómalo de novos casos que não correspondem ao padrão das regiões”.
António Costa aproveitou a oportunidade para sublinhar a “responsabilidade individual de cada um”, e que “ninguém pode alienar”, sublinhando que “ninguém pode ignorar que cada vez que há uma distração, isso tem um preço, e um preço muito elevado”, de saúde, mas “também de saúde económica de toda uma região”, como foi o caso de Odiáxere, onde se realizou uma festa que esteve na origem de um grande surto.
“Que não seja repetida e que as pessoas tenham aprendido a lição, porque todo o Algarve e todo o país estão a pagar um preço muito elevado por aquela festinha. Portanto, brincadeiras destas não podem continuar, e acho que as pessoas todas também já perceberam, e espero que tenham outro tipo de comportamento”, concluiu.
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