O último balanço das autoridades de saúde pública aponta para 13.956 casos confirmados de infeção e 409 mortes pelo novo coronavírus em Portugal, informou hoje António Lacerda Sales em conferência de imprensa.

Segundo o secretário de estado da saúde, a taxa de letalidade global é de 2,9% e a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 11%.

Em tratamento domiciliar estão 87,2% dos doentes, bem como 8,4% em internamento (1,7% em UCI e 6,7% em enfermaria).

Lacerda Sales referiu que, desde o dia 1 de março, foram realizados mais de 144 mil testes. Do total de testes, 52% foram realizados nos laboratórios públicos e 48% em privados. O dia com mais testes realizados foi a passada terça-feira, 7 de abril, com um total de quase 10 mil amostras processadas.

"Neste momento, para além dos 26 laboratórios do SNS e de sete grupos laboratoriais privados, realizam-se ainda testes do laboratório militar, no IMM da Universidade de Lisboa e ainda na Universidade do Minho e na Universidade do Algarve", precisou, referindo ainda que estão em análise outras instituições que em breve podem fazer parte da rede, como é exemplo a Universidade de Coimbra.

Sobre o material para a realização de testes, o secretário de estado da Saúde referiu que foi reforçada a distribuição de zaragatoas. "Nos dias 5 e 6 de abril foram recebidas 90 mil zaragatoas, cuja distribuição será feita pelo Infarmed em colaboração com o laboratório militar". No final de março foram ainda adquiridos cerca de 350 mil testes de diagnóstico. A distribuição foi feita a semana passada, em Portugal Continental e nas Ilhas.

Portugal recebe amanhã mais um milhão de testes para a reserva estratégica nacional e um milhão de kits de extração que chegarão de forma faseada até 17 de abril.

Para a proteção dos profissionais de saúde, chegarão amanhã, sexta-feira, cerca de 5 milhões de máscaras cirúrgicas e 850 mil FFP2. Há também uma encomenda de 52 milhões de máscaras, dos quais já chegaram cerca de 15 milhões, bem como de 566 mil fatos de proteção integral, 53.275 já entregues. 

"Temos referido que esta é uma luta de todos, que precisamos de todos, pois só juntos conseguimos ultrapassar esta dificuldade. E as respostas de organismos, empresas, Sociedade Civil têm sido extraordinárias e a muitos níveis", referiu.

A título de exemplo foi referida a disponibilização das Pousadas da Juventude de todo o país para ajudar na resposta ao combate à Covid-19, sendo que "28 dessas pousadas já estão a albergar profissionais de saúde que não queiram deslocar-se para casa, para não contaminar as suas famílias, bem como pessoas em quarentena ou isolamento, ou idosos deslocados de lares. São mais de 2.400 camas por todo o país, 400 das quais reservadas à população sem-abrigo".

A Fundação Caixa e o BPI vão também oferecer 108 tablets a hospitais de todo o país, de forma a facilitar o contacto dos doentes com os seus familiares. "Não nos podemos esquecer da humanização dos cuidados nestes tempos difíceis", referiu. Por sua vez, os operadores de telecomunicações assinaram também um acordo com o Ministério da Saúde, que prevê a oferta de serviços de telecomunicações — entre eles 10GB de dados móveis — aos profissionais de saúde dedicados à Covid-19. Até ao momento já existem mais de 18 mil profissionais registados, para validação dos processos.

Questionada pelos jornalistas sobre a possibilidade de um cordão sanitário em Castro Daire, no distrito de Viseu, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, referiu que feita a análise do risco pela autoridade de saúde, "vai ser feita uma proposta que vai ser entregue à senhora ministra da Saúde e que depois será entregue a quem tem esta tutela", estando portanto a ser equacionado em articulação entre as autoridades de saúde, as autoridades municipais e o mecanismo de Proteção Civil.

Presente na conferência esteve também Fernando Almeida, presidente do Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge. Sobre os testes sorológicos, referiu que "não está em questão a credibilidade ou não credibilidade do teste", mas sim a "oportunidade de se fazer o teste".

"Estes testes, como o que o senhor presidente da República fez, medem o nível de anticorpos", disse. "Estes testes servem para medir e nos fazer perceber até que ponto — no caso de se ter tido contacto com alguém com o vírus — a pessoa desenvolveu ou não desenvolveu anticorpos", ou seja, a capacidade de criar defesas. Saber se a pessoa fica imunizada é "um assunto ainda em análise".

No que diz respeito à realização destes testes em massa no país, Fernando Almeida disse a medida pode arrancar no final de abril ou início de maio, sendo lançado um "teste piloto" a uma população de 1.700 pessoas, de forma a conhecer os primeiros níveis de imunização. Numa segunda fase há a possibilidade de se alargarem os testes a toda a população.

Sobre a estimativa de pessoas imunes, Graça Freitas refere que "tem de se encontrar o tempo ótimo para o fazer", olhando para a curva epidemiológica. "Apesar de o tempo nos parecer longo, o nosso primeiro caso foi diagnosticado no dia 2 de março", referiu.

Portugal regista hoje 409 mortos associados à Covid-19, mais 29 do que na quarta-feira, e 13.956 infetados (mais 815), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

O relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de quarta-feira, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortos (224), seguida da região Centro (104), da região de Lisboa e Vale do Tejo (72) e do Algarve, com oito mortos. O boletim dá hoje conta de um óbito nos Açores.

Relativamente a quarta-feira, em que se registavam 380 mortos, hoje observou-se um aumento de 7,6% (mais 29).

De acordo com os dados da DGS, há 13.956 casos confirmados, mais 815, o que representa um aumento de 6,2% face a quarta-feira.

Os primeiros casos confirmados em Portugal foram registados no dia 2 de março de 2020.

A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que a partir do dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário com controlo de fronteiras e suspensão de toda a atividade empresarial não afeta a bens de primeira necessidade. A medida foi, entretanto, prolongada até 17 de abril.

O país está desde as 00:00 de 19 de março em estado de emergência, prolongado igualmente até às 23:59 do dia 17 de abril.

A medida proíbe toda a população de circular fora do seu concelho de residência entre 9 e 13 de abril, para desincentivar viagens no período da Páscoa.

Novo coronavírus SARS-CoV-2

A Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.

A maioria das pessoas infetadas apresentam sintomas de infeção respiratória aguda ligeiros a moderados, sendo eles febre (com temperaturas superiores a 37,5ºC), tosse e dificuldade respiratória (falta de ar).

Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas. A doença pode durar até cinco semanas.

Considera-se atualmente uma pessoa curada quando apresentar dois testes diagnósticos consecutivos negativos. Os testes são realizados com intervalos de 2 a 4 dias, até haver resultados negativos. A duração depende de cada doente, do seu sistema imunitário e de haver ou não doenças crónicas associadas, que alteram o nível de risco.

A Covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados.

Quando tossimos ou espirramos libertamos gotículas pelo nariz ou boca que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Estas gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.

Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.

Vários laboratórios no mundo procuram atualmente uma vacina ou tratamento para a Covid-19, sendo que atualmente o tratamento para a infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.

Onde posso consultar informação oficial?

A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.

Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral de Saúde.

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