Com origens familiares no concelho onde está sedeada a casa-mãe do Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga, o atleta do Wolverhampton justifica o donativo com a crescente disseminação do novo coronavírus, atendendo a que, segunda-feira à noite, se registavam já mais de 600 casos de infeção entre a comunidade de 350.000 utentes servida por essa infraestrutura clínica.
"Este é um momento de emergência de saúde pública ao qual ninguém pode ficar indiferente. Todos somos poucos para ajudar nesta batalha e é até um dever ajudar a região de onde sou natural e onde tenho familiares e amigos", afirmou Rúben Neves à Lusa.
Avaliado em cerca de 33.000 euros, o equipamento doado pelo futebolista da Primeira Liga inglesa ao Hospital São Sebastião permite garantir suporte ventilatório a doentes em cuidados intensivos, cujo estado se caracteriza por uma extrema dificuldade em respirar de forma autónoma.
Miguel Paiva, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga, agradeceu o apoio de Rúben Neves notando precisamente a utilidade desses recursos técnicos: "Os novos ventiladores irão ajudar-nos muito, permitindo que consigamos tratar mais doentes que precisam do apoio de ventilação mecânica, cada vez mais necessária à medida que crescem os números de infetados, em geral, e de doentes em estado grave, em particular".
O administrador do centro hospitalar - que tutela o Hospital da Feira, mas também os de São João da Madeira e Oliveira de Azeméis - realçou, nesse contexto, que o donativo do médio do Wolverhampton tem especial significado por ter surgido "da iniciativa espontânea" do jogador.
"Ele contactou diretamente o hospital, questionando qual a melhor forma de nos ajudar e este tipo de atitude - que, felizmente, se tem multiplicado por estes dias - dá-nos muita força e incentiva-nos a dar o nosso melhor pelos habitantes da região", acrescentou Miguel Paiva.
A área de influência do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga tem sido uma das mais afetadas pela covid-19, uma vez que, enquanto hospital de referência da região, acolhe os casos mais graves de municípios como Santa Maria da Feira (que segunda-feira à noite contabilizava 152 infetados), Oliveira de Azeméis (que registava já 70) e mesmo Ovar (concelho em estado de calamidade pública onde já se ultrapassam os 260 diagnósticos positivos).
O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 750.000 pessoas em todo o mundo, das quais mais de 36.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, pelo menos 148.500 recuperaram.
A doença disseminou-se entretanto por todo o mundo e afeta agora sobretudo o continente europeu, onde se registam mais de 413.000 casos confirmados e de 26.500 mortos.
No dia 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que a partir do dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário com controlo de fronteiras e suspensão de toda a atividade empresarial não afeta a bens de primeira necessidade.
Todo o país está desde 19 de março em estado de emergência, o que vigorará pelo menos até às 23:59 de quinta-feira.
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