A faixa etária com “incidência cumulativa a 14 dias mais elevada correspondeu ao grupo das crianças com menos de 10 anos (12.428 casos por 100 mil habitantes), que foi também o grupo com maior aumento da incidência, em relação à semana anterior (+83%)”, adianta a análise de risco semanal das autoridades de saúde.
Segundo o documento do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e da Direção-Geral da Saúde (DGS), regista-se em Portugal uma tendência crescente da incidência cumulativa nos grupos etários abaixo dos 20 anos, assim como nas pessoas entre os 30 e os 49 anos e acima dos 70 anos.
Os jovens entre os 10 e os 19 anos apresentam a segunda incidência mais elevada de novas infeções, que aumentou 49% no espaço de uma semana, para 10.066 casos por 100 mil habitantes a 14 dias.
“Apesar de a incidência cumulativa a 14 dias no grupo etário dos indivíduos com 80 ou mais anos ter apresentado uma tendência crescente, o valor de 1.811 casos por 100 mil habitantes reflete um risco de infeção mais de três vezes inferior ao apresentado pela população em geral”, referem as “linhas vermelhas”.
Segundo o relatório, na quarta-feira a incidência cumulativa a 14 dias foi de 6.496 casos por 100 mil habitantes em Portugal, indicando uma “intensidade muito elevada e com tendência crescente” de infeções pelo SARS-CoV-2.
Mortalidade aumenta 39% numa semana
“A 26 de janeiro, a mortalidade específica por covid-19 registou um valor de 52,2 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a um aumento de 39% relativamente ao último relatório (37,6), indicando uma tendência crescente do impacto da pandemia na mortalidade”, indica também o relatório.
Segundo o documento, o valor registado em Portugal é superior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) e superior ao limite de 50 óbitos, o que se traduz, de acordo com referencial das “linhas vermelhas”, “num impacto muito elevado da epidemia na mortalidade específica por covid-19".
Relativamente aos serviços de saúde, o relatório do INSA e da DGS refere que, na quarta-feira, estavam em unidades de cuidados intensivos (UCI) 147 doentes com covid-19, o que corresponde a 58% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas, quando na semana anterior este indicador estava nos 60%.
“Na última semana o número de doentes internados em UCI apresenta uma tendência estável”, mas os hospitais da região Norte estão a 84% do nível de alerta de ocupação em cuidados intensivos.
Entre 20 e 26 deste mês, a proporção de casos com resultado positivo nos testes realizados para SARS-CoV-2 foi de 18,3% (15,5% no último relatório), valor que se encontra acima do limiar dos 4% e com tendência crescente.
As “linhas vermelhas” indicam ainda que, nos últimos sete dias, foram realizados mais de 2,1 milhões de testes de despiste do coronavírus, quando na semana anterior tinham sido feitos cerca de 1,8 milhões.
Quanto às variantes, a análise de risco da pandemia refere que a variante Ómicron (BA.1) continua dominante em Portugal, tendo atingido uma proporção estimada máxima de cerca de 93% das infeções entre 7 e 9 de janeiro.
Desde essa data, tem-se verificado um decréscimo da proporção de amostras positivas com “falha” na deteção do gene S, o indicador de caso suspeito de Ómicron, “possivelmente relacionado com a entrada em circulação da linhagem BA.2, adianta o INSA.
A frequência relativa estimada da linhagem BA.2 não tem revelado um aumento acentuado e consistente nas últimas duas semanas, sublinha o relatório.
A covid-19 provocou mais de 5,63 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.788 pessoas e foram contabilizados 2.507.357 casos de infeção, segundo a última atualização da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A nova variante Ómicron, classificada como preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral e, desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta em novembro, tornou-se dominante em vários países, incluindo em Portugal.
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