A incidência cumulativa está a registar um aumento em todas as faixas etárias, no entanto, é entre os mais jovens que a incidência tem sido mais acentuada. No último mês, o número de novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias aumentou seis vezes no grupo etário dos zero aos nove anos e mais que quintuplicou na faixa dos 20 aos 29.

Este aumento de casos permite, porém, verificar o impacto da vacinação no aumento de casos, uma vez que o aumento no número de casos tem sido menos acentuado entre os mais velhos. Ao Público, o matemático Carlos Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, afirmou que é possível verificar uma “mitigação gradual” das infeções “nas camadas mais envelhecidas”.

Na faixa dos zero aos nove anos, a incidência aumentou de 59,15 casos a 14 dias para 366,62. Porém, na faixa etária dos 20 aos 29 anos, o aumento da incidência passou de 142,43 casos em cada 100 mil jovens adultos para 766,34, representando um crescimento de 439%.

Carlos Antunes explica à publicação que este aumento tem sido similar em todas as regiões do país, destacando, porém, o “ritmo menor de subida e uma taxa de incidência bastante inferior” nos portugueses com 50 anos ou mais, que aponta como resultado do avanço na vacinação.“As faixas que têm menos cobertura vacinal, abaixo de 50 anos, continuam a ser as que têm maiores taxas de incidência maior e ritmo de aumento. E todas as regiões verificam o mesmo padrão”, refere, acrescentando que Lisboa e Vale do Tejo começa a verificar “uma desaceleração em quase todas as faixas”, uma tendência que se verifica principalmente no grupo dos 50 aos 59.

À semelhança do que ocorreu em maio em Lisboa e Vale do Tejo, agora o Norte tem registado “uma subida completamente abrupta no grupo dos 20 aos 29” e é a única região que verifica uma aceleração de novos casos entre os 50 e 59 anos.

Ao Público, Carlos Antunes salienta a "redução de 80%” nas mortes, em comparação com um cenário de infeções semelhante mas pré-vacinação. Segundo refere, valores de incidência semelhantes aos que verificamos, mas registados em finais de outubro, levaram a “cerca de 25, 30 mortes diárias”. Em comparação, também se verifica uma redução nos internamentos e, apesar de mais ligeira, nos cuidados intensivos. “A vacinação teve impacto primeiro na letalidade, porque a média dos óbitos era na casa dos 80 anos. Depois foram os internamentos em enfermaria, em que a média de idades era de 75 anos, e a seguir vêm os cuidados intensivos, em que a média era 65 anos. À medida que a vacinação foi avançando para faixas etárias cada vez mais jovens, foi progressivamente protegendo estas faixas mais vulneráveis”, explicou.