O número diário de mortes causadas pela covid-19 e de casos da doença é o maior de sempre naquele país, que se debate com falta de oxigénio e de recursos para combater a segunda vaga da pandemia.

Com uma população de 1,3 mil milhões de habitantes, a Índia está a braços com um surto devastador. Só em abril, o país registou quase seis milhões de novos casos.

A explosão do número de casos, atribuída a uma variante do vírus detetada na Índia e a comícios eleitorais e festivais religiosos em grande escala, sobrecarregou os hospitais, onde faltam camas, medicamentos e oxigénio.

A crise é particularmente grave na capital, Nova Deli, com pessoas a morrer às portas de hospitais apinhados, indicou a agência de notícias France-Presse (AFP).

Na terça-feira, o professor universitário Gautam Menon, especialista em modelos de previsão da pandemia, disse à Lusa que a Índia só deverá atingir o pico da segunda vaga “em meados de maio”, podendo atingir os 500 mil casos diários.

“A situação atual é muito grave e a positividade dos testes é de mais de 20%, por isso já há uma grande transmissão comunitária, que não parece provável que baixe no curto prazo”, disse o professor de Física e Biologia da Universidade Ashoka, na cidade de Sonipat, a 40 quilómetros de Nova Deli.

“A maioria dos modelos sugere que os casos vão continuar a aumentar e que o pico será provavelmente em meados de maio”, antecipou, prevendo que o número de casos “deva chegar aos 400 a 500 mil” por dia.

Desde o início da pandemia, a Índia acumulou 201.187 óbitos e mais de 17,9 milhões de infeções, sendo o segundo país do mundo com mais casos, atrás dos Estados Unidos. É também o quarto com mais óbitos, depois dos EUA, do Brasil e do México.

O país, que administrou até agora perto de 150 milhões de vacinas contra a covid-19, vai alargar a vacinação a partir de sábado a todos os adultos, o que significa que mais 600 milhões de pessoas serão elegíveis.

No entanto, muitos estados queixam-se de não terem vacinas suficientes, com peritos a pedirem ao Governo que dê prioridade aos grupos vulneráveis e às áreas mais afetadas.