O Ministério da Saúde também registou um novo máximo de mortes nas últimas 24 horas (687), elevando o total de óbitos no país para 25.602.

Três estados indianos – Maharashtra, Delhi e Tamil Nadu – foram responsáveis por mais de metade do total de casos. Mas nas regiões rurais da Índia, a epidemia também está a acelerar.

“A aceleração de casos continua a ser o principal desafio para a Índia nos próximos dias”, disse à agência Associated Press (AP) o diretor do Harvard Global Health Institute, Ashish Jha, frisando que uma grande percentagem de infeções continua a não ser detetada.

Vários estados indianos começaram há vários dias a reintroduzir o confinamento para tentar conter a propagação do novo coronavírus (SARS-CoV-2).

Na cidade de Bangalore, considerada o centro da inovação tecnológica indiana, com filiais da Microsoft, Apple e Amazon, o governo ordenou uma quarentena de uma semana, que começou na terça-feira, após a multiplicação de novos casos.

Em Bihar, um estado com uma população de 128 milhões de habitantes e um sistema de saúde frágil, foi anunciada uma quarentena de duas semanas na quinta-feira.

No Uttar Pradesh, o estado mais populoso, com mais de 200 milhões de pessoas, as autoridades instauraram o recolher obrigatório ao fim de semana, que deverá permanecer em vigor até ao final do mês.

Goa, um dos estados indianos menos afetados, reintroduziu na quinta-feira o confinamento durante três dias, duas semanas depois de abrir ao turismo, em 02 de julho.

Quase uma dúzia de estados impôs além disso restrições em “zonas de contenção”, em áreas consideradas de risco, que podem limitar-se a apenas uma rua.

A resposta da Índia ao vírus foi inicialmente lenta. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, viria a impor o confinamento no país em 24 de março, durante três semanas.

A quarentena, depois prolongada por mais cinco semanas, teve um enorme custo económico, provocando uma crise humanitária sem precedentes, quando milhões de trabalhadores migrantes empobrecidos foram obrigados a regressar às zona rurais de origem, enfrentando a fome e o desemprego, num êxodo muitas vezes a pé e sem qualquer apoio das autoridades.

A Índia é o terceiro país do mundo em número de infetados, depois dos Estados Unidos e Brasil.

A taxa de mortalidade na Índia permanece relativamente baixa, com 18 mortes por milhão de pessoas, em comparação com 417 nos Estados Unidos, o país com mais óbitos provocados pela covid-19, de acordo com cálculos da agência de notícias France-Presse (AFP), a partir de dados oficiais.

A Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC) manifestou esta semana preocupação com a situação na Índia, alertando que o Sul da Ásia está a caminho de se tornar o próximo centro da pandemia.

“Enquanto a atenção do mundo está centrada na crise em curso nos Estados Unidos e na América do Sul, uma tragédia humana semelhante está a emergir rapidamente no Sul da Ásia”, disse um responsável regional da IFRC John Fleming.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 585 mil mortos e infetou mais de 13,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.